A Argentina voltou a suspender as exportações de trigo para o Brasil. Os registros, que deveriam ser abertos nesta semana para possibilitar os embarques em 5 de maio, foram cancelados pelo governo, surpreendendo os moinhos brasileiros. Esse adiamento complica a situação da indústria brasileira, que, com estoques para até o final de maio, vai ter de buscar o cereal em outros mercados, principalmente na América do Norte. O problema é que, além de ter preço mais alto, o trigo dos EUA e do Canadá também tem frete maior. E, enquanto uma importação de trigo argentino chega ao Brasil em menos de uma semana, a dos EUA demora pelo menos 40 dias. O resultado será aumento de custos para as indústrias e, conseqüentemente, mais repasse de preço ao consumidor.
O Brasil importa até 70% do trigo que consome, e o Estado do Paraná é o principal produtor. Nos últimos 12 meses até março, o pãozinho subiu 17%, e a farinha de trigo, 18% para o consumidor paulista, de acordo com a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Na semana passada, a indústria já havia acenado com novos reajustes de 12% no pão e de 10% a 15% nas massas e nos biscoitos.