O Índice de Preços aos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) e em parceria com a Fipe, registrou variação de 0,45% em janeiro, desacelerando tanto em relação a dezembro (1,0%) quanto a janeiro de 2022 (0,92%).
A inflação de janeiro de 2023 foi a segunda menor para o primeiro mês do ano da última década, atrás apenas de 2017, quando o índice teve variação de apenas 0,2%.
A menor pressão inflacionária em janeiro decorreu da deflação do grupo de produtos in natura, carnes e derivados de carnes e da menor pressão inflacionária dos grupos de produtos de limpeza, higiene e beleza.
Com o resultado de janeiro, a inflação dos supermercados paulista acumulada em 12 meses 12 meses ficou em 15,96%, ante 16,5% de dezembro. A tendência de longo prazo do IPS é de desaceleração. A APAS projeta que o índice mantenha essa tendência nos próximos meses e encerre o ano abaixo de dois dígitos.
Entre o início da pandemia, em março de 2020, até o segundo quadrimestre de 2022, o IPS acelerou substancialmente, influenciado pela alta das commodities no mercado internacional, aumento do preço dos insumos de produção, dos combustíveis e dos fretes e apreciação cambial.
No entanto, as projeções de safra recorde em 2023, juntamente com a desaceleração do crescimento econômico mundial, especialmente a China, e a política monetária mais restritiva tanto no Brasil quanto em todo o Hemisfério Norte deverão contribuir com a desaceleração do aumento dos preços dos alimentos neste ano. Esse cenário, por sua vez, desconsidera possíveis agravamentos na guerra da Ucrânia e as alterações climáticas. Caso estas duas últimas variáveis piorarem, é provável que observemos ao longo do ano, resistência dos preços, sobretudo dos alimentos, e, consequentemente, menor desaceleração do IPS.
Semielaborados
Os produtos semielaborados deflacionaram 0,15% em janeiro, impulsionados pela queda do preço das aves (-4,16%), da carne suína (-2,36%) e da carne bovina (-0,53%). Enquanto as carnes tiveram redução do preço, os pescados, o leite e os cereais apresentaram alta. Porém, essa variação não foi substancial o suficiente para impedir que o grupo de produtos semielaborados apresentasse redução de preço no primeiro mês do ano.
Dentre os produtos que compõem o grupo de alimentos semielaborados, cabe analisar precisamente o leite. Durante os dois primeiros quadrimestres de 2022, o leite apresentou significativa alta em decorrência das estiagens, falta de pastos e necessidade de mudança na composição da dieta do bovina. Porém, os últimos meses de 2022, o preço do leite voltou a baixar. Não por acaso, entre agosto e dezembro o produto acumulou queda de aproximadamente 25%.
No primeiro mês de 2023, o preço do leite ao consumidor final paulista teve alta de 0,77%. Essa alta, conforme informações disponíveis até o presente momento, não decorre de nenhuma alteração substancial na oferta do bem e nem de alguma mudança significativa no mercado do leite. A APAS está atenta às oscilações do setor e, caso haja alguma alteração importante, emitirá um comunicado aos seus associados e à imprensa sobre o assunto.
Industrializados
Os produtos industrializados também desaceleraram em janeiro (0,91%), ante alta de 1,1% em dezembro, influenciado pela menor pressão dos preços dos derivados de carne, óleos (estabilidade) e derivados de leite (-0,1%). Por outro lado, os panificados aumentaram 2,67%, em grande medida, ainda influenciado pelo aumento do preço do trigo no mercado internacional.
No acumulado em 12 meses, o grupo registrou inflação de 17,1%. Após junho de 2022, quando a inflação acumulada em doze meses havia superado a marca de 21%, o índice passou a recuar. Se houver uma estabilização na conjuntura política internacional, sobretudo na zona eurasiana e se Rússia e Ucrânia chegarem a um acordo de paz, os preços dos produtos derivados de trigo poderão diminuir no mercado internacional e, consequentemente, na sessão de panificados dos supermercados paulistas.
Produtos In natura Os produtos in natura registraram importante queda em janeiro (-1,43%), influenciado pelo recuo do preço das frutas (-3,0%) e dos tubérculos (-6,57%). Durante o último ano, o grupo FLV registrou alta substancial, de modo que pressionou o indicador IPS a encerrar o ano em 16,5%. Porém, no início de 2023, este grupo tem contribuído com a desaceleração do índice geral de preços. Os produtos com maior destaque no mês foram: no grupo das frutas, o limão (-32,3%), a uva (-12%) e as frutas de época (-4,5%). No grupo dos tubérculos, a cebola (-31,3%) e o alho (-3,1%).
Bebidas
O subgrupo de bebidas não alcoólicas desacelerou o ritmo de alta no período, passando de 2,01%, em dezembro, para 1,5% em janeiro. Esse resultado decorreu da menor pressão sobre os refrigerantes.
Já em relação às bebidas alcoólicas, é pelo quarto mês consecutivo que os preços sobem a taxas crescentes. Em janeiro a inflação do subgrupo foi de 1,6%, influenciado pelo aumento do preço das cervejas (1,82%).
Limpeza, higiene e beleza
Os produtos Limpeza, Higiene e Beleza, igualmente, desaceleraram em janeiro. A inflação dos produtos de limpeza passou de 1,81% em dezembro para 0,67% em janeiro. A desaceleração do período foi impulsionada pela menor pressão sobre os preços do sabão em pó, que passou de 3,95% para 1,2%, de dezembro para janeiro, e a redução de 1,2% e 1,15% nos preços dos amaciantes e alvejantes em janeiro, respectivamente.
Apesar da desaceleração em relação ao mês imediatamente anterior, quando comparamos o último resultado com o do mesmo período de 2022, constatamos a manutenção da tendência de alta da curva de 12 meses. Desde o início da pandemia os artigos de limpeza sofreram forte alta em decorrência tanto do aumento de insumos de produtivos e dos custos de produção (inflação de custos) quanto da forte apreciação cambial. Esperamos que nos próximos meses o grupo de produtos de limpeza comece a desacelerar, influenciado, entre outros fatores, pela menor pressão cambial.
Os artigos de higiene e beleza tiveram desempenho semelhante ao do grupo de artigos de limpeza: desaceleração na comparação com o mês imediatamente anterior, mas alta na comparação com janeiro de 2022. Em janeiro, esse grupo de produtos aferiu alta de 0,63% impulsionado pelo aumento do preço da loção para pele (2,6%). Por sua vez, xampus e condicionadores de cabelos, ao registrarem redução respectiva de 0,4% e 0,3% nos preços, impediram que o grupo apresentasse alta mais expressiva no período.
Nota Metodológica: O Índice de Preços dos Supermercados tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em 6 categorias: i) Semielaborados (Carnes Bovinas, Carnes Suínas, Aves, Pescados, Leite, Cereais); ii) Industrializados (Derivados do Leite, Derivados da Carne, Panificados, Café, Achocolatado em Pó e Chás, Adoçantes, Doces, Biscoitos e Salgadinhos, Óleos, Massas, Farinha e Féculas, Condimentos e Sopa, Enlatados e Conservas, Alimentos prontos,); iii) Produto In Natura (Frutas, Legumes, Tubérculos, Ovos, Verduras); iv) Bebidas (Bebidas Alcoólicas, Bebidas Não Alcoólicas); v) Artigos de Limpeza; vi) Artigos de Higiene e Beleza. Assim, o IPS se apresenta como instrumento útil aos empresários do setor na tomada de decisões com relação a preços e custos dos mais diversos produtos. No que diz respeito à indústria, de maneira análoga, possibilita a tomada de decisão com relação a preços e custos dos produtos destinados aos supermercados. Ao mercado e aos consumidores é útil para a análise da variação de preços ao longo do tempo possibilitando o acompanhamento da evolução dos custos ao consumidor do setor supermercadista.