O setor de alimentos no Brasil deve ser um dos menos afetados pela crise financeira internacional. Economistas e analistas do setor de varejo e alimentos consultados pela reportagem acreditam que as vendas domésticas desse tipo de produto demorarão mais para sentir os efeitos da falta de liquidez. Para eles, deverá haver um leve crescimento ou estabilidade das vendas internas do setor em 2009, e a avaliação é de que a crise só chegará à indústria alimentícia em caso de aumento significativo do desemprego e queda na renda.
Segundo a Abras – Associação Brasileira de Supermercados, bebidas, alimentos, perfumaria e limpeza representam 77% das vendas dos supermercados. “Alimento é o último item que as pessoas cortam do orçamento. Com a renda menos comprometida com prestações, vai sobrar dinheiro para manter o padrão de alimentação. Isso deixa o setor protegido”, avalia o analista da Link Corretora, Rafael Cintra. Por outro lado, as vendas de não-alimentos, como eletrodomésticos, eletroeletrônicos e móveis, deverão ser as primeiras a serem afetadas pela crise. Para Eugênio Foganholo, diretor de uma consultoria especializada em varejo, as compras desse tipo de produto, por serem financiadas em sua maioria, serão comprometidas pela crise de crédito.
Para o varejo de uma forma geral, Foganholo aponta desaceleração em 2009, mas destaca que os supermercados devem segurar o desempenho do setor. “Os supermercados devem registrar um dos melhores desempenhos do varejo este ano”, prevê. Para ele, os varejistas devem manter o ritmo de expansão em 2009, porém abaixo da evolução observada até outubro, quando acumulou alta de 9,1%.
Fonte: Jornal Diário do Comércio (MG)