A manhã começou animada para os participantes do 27º Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados – APAS 2011, no Expo Center Norte, em São Paulo. Se a feira começou nesta segunda-feira (9 de maio) com um painel composto por autoridades, o congresso, que teve início nesta terça (10 de maio), foi um pouco mais informal, sendo iniciado com uma entrada inesperada de Alexandre Tadeu Costa, fundador da Cacau Show.
Após convencer o mestre de cerimônias a afirmar que ele estava preso no trânsito, Costa entrou no auditório distribuindo trufas e animou a plateia composta por empresários e colaboradores. Simpático, o palestrante abordou o tema “inovação” e explicou como transformou a venda de trufas em uma das maiores empresas do setor de chocolate no mundo.
Segundo o empresário, a história começou quando ele tinha 15 anos e sua mãe, muito empreendedora, vendia diversos produtos por catálogo, inclusive chocolates. “Fui criado no meio das clientes, eu era o menino que jogava o copo para cima para mostrar que não vazava. Etiquetava produtos, embalava. Era a típica faculdade ´25 de março´”, brincou.
Três anos após a tentativa materna de vender chocolates no catálogo “Cacau Show” dar errado por incapacidade do fornecedor para suprir a demanda de pedidos, Costa, então com 17 anos, decidiu tentar novamente. Pediu 500 dólares emprestados para um tio e encarou o negócio como um desafio, já que era o único da família a se desvencilhar da empresa de sua mãe para tentar algo próprio.
“Por pouco não deu errado. Aceitei pedidos de ovos de Páscoa de 50g sem perceber que o fabricante não os produzia. Resultado: sai pelas distribuidoras procurando por esses ovos e encontrei a dona Cleusa, que fazia chocolates caseiros e me ensinou a fazer os ovos. Consegui pagar o que peguei emprestado e ainda lucrei 500 dólares, que investi na compra de barras de chocolate”, contou.
Para Costa, o comprometimento com a entrega dos ovos, em sua maioria encomendados por escolas, marcaria a empresa que hoje possui 1040 lojas, emprega 1.1 mil funcionários na fábrica, possui 3.950 colaboradores nos pontos de venda e faturou, no ano passado, somadas as receitas da indústria e do varejo, cerca de R$ 1 bilhão.
“Escassez é um terreno fértil para a criatividade. Tinha poucos recursos, então busquei um nicho de mercado entre os chocolates industriais e os caseiros e acabamos quebrando paradigmas”, diz o empresário, que focou sua produção nas trufas e contava – e ainda conta – com o amigo Rafael Altavista para o design das embalagens. “Não tínhamos capital para encomendar as embalagens, então tivemos que desenvolver know-how em casa”.
Somada à criatividade, a inovação na Cacau Show foi implantada por Costa com base em três pilares: produtos, canal de vendas e gente. “Nosso grande ativo é a marca. Fabricamos como empresa grande, mas vendemos como pequena”, revelou o empresário. Hoje a Cacau Show possui cinco unidades fabris e, em duas delas, o consumidor pode conhecer o processo de fabricação. “Isso cria valor agregado. Faz o cliente lembrar da vó, da mãe, ele entra com outro espírito para consumir”.
Costa aposta no lançamento de tendências e na busca por conhecimento em eventos e viagens. “Fomos à China e encomendamos bichos pelúcia para o Dia das Crianças. Também lançamos um kit de massagem e estamos preparando, em parceria com o Grupo Fasano, chocolates que combinem com vinhos, para o Dia dos Pais”.
Citando o canal de distribuição, o empresário apresentou o novo design das lojas, desenvolvido pela JGA, e contou que a abertura da primeira loja aconteceu por acaso, após seu carro ficar preso no lava-rápido do “seu Hugo”, que tinha acabado de abrir o negócio e optou por trocar de ramo, investindo em chocolates.
Por fim, e mais importante, Costa mostrou as diversas campanhas da empresa para a valorização do funcionário. “A gente passa 12 horas por dia com essas pessoas. Temos que ser uma família”, disse o empreendedor, que revelou que o segredo de sua empresa é o “UMPC – um monte de pequenas coisas”, como talento, trabalho, comprometimento, simplicidade e equilíbrio entre razão e emoção. “Criamos momentos de felicidade com nossos produtos”, concluiu o empresário, que, na avaliação de Michele Sponchiado, do Russi Supermercados, apresentou aspectos importantes para o sucesso do setor varejista.
“Assisti às palestras do ano passado e achei a desta manhã muito interessante para o setor supermercadista, principalmente no aspecto da liderança nos negócios”, contou.