Quando soube, em dezembro do ano passado, que Indaiatuba, no interior de São Paulo, estava com pontos de uma rede de supermercados disponíveis, Marcos Cavicchiolli não sabia o trabalho que o aguardava e que seria capaz de abrir quatro lojas em pouco mais de dois meses. Era a oportunidade de antecipar a inauguração de unidades da Rede São Vicente – previstas após a “arrumação da casa de 2008 e 2009” e a inauguração de dois atacados em 2010 –, mas a ideia inicial não era Indaiatuba. Agarrar ou não esta oportunidade?
“Ou o médio supermercadista investe ou ele fica para trás”, responde Cavicchiolli, gerente geral da rede. Em entrevista ao Portal APAS, ele cita ainda as características da cidade, localizada na região de Campinas, como pontos favoráveis à decisão. “Indaiatuba tem um público interessante e cerca de 200 mil habitantes. Em alguns aspectos, assemelha-se a Americana”, conta o empresário sem, contudo, negar os esforços que foram necessários para alcançar a meta de abrir as quatro lojas oferecidas na cidade.
“O desafio foi bem maior do que imaginávamos. A reforma demandou mais tempo do que o previsto, principalmente por falta de mão de obra. Tivemos que levar empreiteiros para Indaiatuba e mesmo a contratação de colaboradores foi difícil”, diz.
As lojas, inauguradas em três bairros diferentes e com áreas de vendas de 600 a 1,5 mil metros quadrados, também precisaram de uma atenção especial quanto à oferta de produtos. Para oferecer itens para clientes de “A a E”, a rede São Vicente opta por um mix para múltiplas classes, que cresce ou diminui de acordo com a área disponível, mas sem privilegiar consumidores de camadas sociais específicas. “Quando a loja é pequena, geralmente o setor que mais perde é o de perecíveis, com seções como a de congelados, mas nas prateleiras os produtos são quase os mesmos”, afirma Cavicchiolli, que cita a organização como elemento fundamental para o plano de expansão da empresa.
“A organização é muito importante. Se você pretende ampliar os negócios, avalie se a empresa está estruturada, seja em termos logísticos, como frota e depósitos adequados, seja em termos de sistema, com softwares de gestão apropriados. E, mesmo com tudo isso, pense no material humano, que é o grande desafio do nosso setor. Com carga horária extensa e cobrança por parte dos consumidores, os funcionários trocam facilmente o emprego em supermercados por outras vagas. É preciso pensar nisso também, ainda mais em cidades onde a oferta de trabalho está alta”, recomenda, mesmo reconhecendo que o varejista, em geral, tende a ser ousado e se guiar pela emoção.
E se os consumidores da Rede São Vicente acham que o crescimento acabou estão enganados. A empresa, fundada em 1968 e hoje com 15 pontos de venda e dois atacados, pretende abrir uma loja em Hortolândia e transferir duas unidades de Americana para imóveis próprios. “Vamos voltar para os planos de expansão originais”, diz Cavicchiolli.
Legenda da foto acima: Clientes aguardam abertura da quarta loja em Indaiatuba, inaugurada no último dia 26 de maio
