A implantação do Plano Real, em julho de 1994, estabilizou a economia brasileira e aumentou o poder de consumo das famílias. Trouxe, também, mais poder de previsão para a realização de investimentos e expansão do setor de supermercados. Há 17 anos, desde o início do processo de estabilização dos preços na economia, os supermercados tiveram participação ativa no processo de controle das pressões sobre os preços, por meio do aumento de produtividade, otimização dos processos, redução dos custos e maior poder de negociação com os fornecedores.
“Hoje, o aumento repassado ao consumidor é aquele que realmente os supermercados não conseguem absorver, pois a intenção é sempre ter o melhor preço. Os consumidores têm muito o que comemorar”, afirma Rodrigo Mariano, economista da Associação Paulista de Supermercados (APAS).
Na comparação com os demais índices de inflação, o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE, é o menos expressivo. No acumulado de julho de 1994 a junho de 2011, o IPS atingiu 110%, enquanto, no mesmo período, o IPC/FIPE registrou alta de 221% e o IPA/FGV apontou elevação de 418%. O IPCA/IBGE apontou alta de 287,21% no índice geral e alta de 242,89% no grupo de Alimentação e Bebidas. “Em quase duas décadas de estabilidade econômica os supermercados buscaram, a todo instante, a boa negociação com os fornecedores, garantindo preço competitivo e acessível aos consumidores”, confirma Mariano.
Outro aspecto que merece destaque diante da estabilidade de preços na economia é o aumento no mix de produtos das cestas de compra da população. Os consumidores passaram a comprar itens que antes não consumiam – os chamados produtos supérfluos, como iogurtes e biscoitos – fato que não ocorria quando a inflação era alta. Aliado a esse mix de produtos, o aumento da população empregada e da renda proporcionou um crescimento do consumo, sobretudo nas classes de renda mais baixas, principais vítimas da inflação. “O emprego e a renda despontam como os principais vetores do crescimento da venda de bens de consumo e, principalmente, das vendas nos supermercados”, aponta o economista.
Idas ao supermercado
A frequência de visitas aos supermercados também pode ser destacada como uma mudança de hábito da população. Em períodos de inflação constante, quando os preços alteravam em velocidade rápida, o resultado era a concentração das compras, isto é, os consumidores iam aos supermercados apenas uma vez ao mês. “Eles recebiam o salário e logo em seguida faziam as compras. Hoje, com a estabilidade dos preços, a frequência é maior, já que existe maior previsibilidade nos preços futuros e, portanto, as compras podem ser feitas durante todo o mês, de acordo com necessidades e preferências”, conclui.

A estabilidade dos preços levou os consumidores a frequentarem mais os supermercados
