A Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) encabeça um programa denominado “Rama”, cujo mote principal é a rastreabilidade alimentar a partir do controle dos níveis de aplicação de agrotóxicos de produtos in natura. O referido programa proporciona mais segurança a todos os envolvidos no processo de compra e venda, principalmente no que tange aos consumidores. Neste contexto, as 615 lojas das Redes Pão de Açúcar e Extra espalhadas pelo País aderiram ao processo na comercialização de produtos da categoria FLV (Frutas, Legumes e Verduras) e carnes bovina.
O funcionamento é simples: para checar o histórico dessas mercadorias, o consumidor deve baixar um aplicativo no celular e escanear o código de barras dimensional da embalagem do produto. Outra alternativa é entrar no hotsite criado pelo Grupo Pão de Açúcar (http://www.qualidadedesdeaorigem.com.br) e digitar o código do produto. Tal ferramenta disponibiliza informações específicas – e importantes – do produto, tal como a fazenda de origem de uma peça de carne, o nome do produtor, o conhecimento sobre as condições em que o gado foi criado, o local onde uma fruta ou hortaliça foi cultivada, fotos do sítio e até a percepção sobre resíduos de agrotóxicos acima dos limites aceitáveis.
O êxito desse programa pioneiro, lançado em 2008, é medido pelo aumento de quase 20% nas vendas de frutas, legumes e verduras rastreados no período de 2010 a 2012. Além disso, a devolução de mercadorias, devido à baixa qualidade, caiu pela metade. “Para o consumidor, o produto rastreado se traduz em um alimento mais seguro”, afirma o diretor comercial do Grupo Pão de Açúcar, Leonardo Miyao.
Mais benefícios
Além da segurança proporcionada ao consumidor final, o rastreamento de produtos torna-se uma ferramenta de gestão dos negócios das redes, na medida em que é possível mensurar os pontos críticos na cadeia produtiva, além de identificar os melhores e piores fornecedores e sugerir melhorias. Por este motivo, o produtor necessita, obrigatoriamente, obedecer a padrões de boas práticas agrícolas e cumprir à risca as exigências sanitárias, além de prover informações quanto a datas e formas de plantio, aplicações de adubos e defensivos, colheita, embalagem e transporte.
As boas práticas inseridas no programa também proporcionam benefícios ao produtor, com foco em melhorias no que diz respeito à produtividade e qualidade. Por exemplo, o Pão de Açúcar não paga um prêmio em dinheiro aos melhores fornecedores, porém, os colocam como “clientes preferenciais”. Para se ter uma ideia, de 40 produtores de morango da região Sul de Minas Gerais, que abasteciam a Rede, 28 foram descredenciados por ultrapassar o limite de resíduos de agrotóxicos. Os 12 que restaram entregam, hoje, volumes maiores ao Grupo.
O produtor ainda pode verificar, em uma plataforma online, as notas de qualidade atribuídas pelo Pão de Açúcar. Assim, é possível monitorar o desempenho e comparar com os outros fornecedores. O sucesso do programa faz com que a Rede vislumbre sonhos mais altos: em dois anos, o programa de rastreamento deve ser estendido para as carnes de porco, frango e pescados.
Fonte: Portal Exame