No dia 30 de outubro, o presidente da Associação Paulista de Supermercados (APAS), João Galassi, participou do 8º CMEP – Congresso de Meios Eletrônicos de Pagamento, organizado pela Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS) e pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), no Transamérica Expo Center, em São Paulo. Com o tema “Arranjos de Pagamento: Inclusão Financeira”, o evento, que prossegue até o dia 31 de outubro, contou com a presença de renomados profissionais do setor bancário e dos meios eletrônicos de pagamentos.
O painel “Custo das Transações em Dinheiro no Mundo e no Brasil”, no qual participou o presidente da APAS, foi mediado pelo vice-presidente do Bradesco, Domingos Abreu, e contou com as presenças do palestrante Carlos Menendez, executivo Global de Crédito e Débito da MasterCard Worldwide; do presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias; do deputado federal Guilherme Campos e do presidente-diretor da bandeira de cartões Elo, Jair Scalco. O início do debate deu-se a partir de um dado da ABECS, de junho deste ano, no qual 59% dos pagamentos ainda são realizados em papel-moeda. Neste contexto, duas perguntas nortearam as discussões: “O que fazer para estimular o uso dos meios eletrônicos de pagamentos?” e “Quais as vantagens e desvantagens do uso dos meios eletrônicos de pagamentos?”.
O deputado federal Guilherme Campos enalteceu o crescimento do setor (que engloba cartões de crédito, débito e alimentação), porém, cobrou maior transparência para os consumidores no que diz respeito às transações. “Eu bato na tecla de os consumidores terem ciência dos custos no uso dos meios eletrônicos de pagamentos. Além disso, o ideal seria uma diferenciação dos preços para quem paga em papel-moeda, cartão de débito ou crédito, pois assim o consumidor faria a decisão do que lhe é mais conveniente, seja preço menor, sorteios ou milhagem oferecida pelas bandeiras de cartões”, afirma.
O presidente da APAS, João Galassi, fez questão de agradecer o convite para participar do debate, além de elogiar os benefícios dos meios eletrônicos de pagamentos, tais como maior segurança e comodidade aos consumidores. “O dinheiro também tem custo. Recentemente, o Jornal Nacional, da TV Globo, exibiu uma matéria focada no fato de o Brasil perder mais de R$ 56 bilhões anuais por conta da destruição do papel-moeda. Portanto, o setor dos meios eletrônicos de pagamentos é de ponta no Brasil, eficiente e que investe muito”, afirma. Porém, o presidente faz o contraponto. “O papel-moeda tem muita importância ainda no comércio, principalmente para o pagamento de pequenos valores”.
Além de seguir a linha de raciocínio do deputado federal Guilherme Campos, no que diz respeito à maior transparência, o presidente da APAS se posicionou contra as taxas que incidem sobre as transações realizadas com cartão de débito, uma vez que o percentual é cobrado de forma indiscriminada – independente do valor da compra. “As maiores taxas acabam incidindo nos pequenos e médios, que, por sinal, acabam sendo os responsáveis pelo lucro das empresas do sistema financeiro. Portanto, é um processo injusto”, afirma. Neste cenário, João Galassi defende que cada transação efetuada com cartões de débito seja acompanhada por uma tarifa fixa e não uma taxa sobre o percentual da mesma, prática atual. “Independente do valor da compra – seja R$ 5,00 ou R$ 50,00 -, o custo é o mesmo, então não justifica a cobrança de uma taxa sobre percentual por valor”, complementa.
Por fim, o presidente da APAS vê claramente a grande utilidade dos meios eletrônicos de pagamentos, no qual define como “um alívio e um grande benefício para os varejistas e, por consequência, aos consumidores, que ganham mais opções de compras”. Entretanto, esse processo deve ser benéfico para todas as partes envolvidas – bandeiras de cartões, comerciantes e consumidores. “Temos que equilibrar esta conta para que todos possam competir de forma digna no setor, pois a concentração de players não é benéfica para ninguém”, conta.
Os benefícios dos meios eletrônicos de pagamentos
O presidente da Cielo, Rômulo de Mello Dias, defendeu a maior competição no setor, uma vez que a entrada de novos players proporciona a redução de preços. Segundo ele, o fato “inovação” também é um aliado para agregar mais clientes e pequenos comerciantes. Outro fator destacado em prol do uso dos meios eletrônicos de pagamentos passa pela inclusão social. “O cidadão de baixa renda, quando faz uso de um cartão de débito ou crédito, sente-se inserido na sociedade”, explica.
Na visão de Jair Scalco, presidente-diretor da bandeira de cartões Elo, a transparência aos consumidores é sempre bem-vinda, porém, a diferenciação dos preços mediante a forma de pagamento não é um mecanismo muito utilizado mesmo nos países onde tal prática é executada, uma vez que, segundo ele, não é prático. “Os meios eletrônicos de pagamentos são práticos, há um maior controle do que é o papel-moeda e torna o País mais ágil e eficiente”, afirma.
Carlos Menendez, executivo Global de Crédito e Débito da MasterCard Worldwide, destacou que o setor ainda pode crescer muito no País e mostrou números de países desenvolvidos, onde, em sua visão, a maior utilização de tais métodos de pagamentos proporciona vários benefícios, inclusive no que diz respeito à diminuição da sonegação de impostos e até ao aumento do produto bruto per capita. “O aumento do número de transações realizadas com meios eletrônicos de pagamentos traz benefícios e, inclusive, ajuda a melhorar o desempenho de um País”, conclui.
Legenda da foto acima: Rômulo de Mello Dias (presidente da Cielo), João Galassi (presidente da APAS), deputado federal Guilherme Campos e Domingos Abreu (vice-presidente do Bradesco)