Apesar de ser um ano atípico, as previsões para 2014 têm trazido otimismo para os supermercadistas. O setor tem sido a “força azul” na maioria dos índices apresentados pelas entidades que mensuram os números na economia brasileira. A taxa otimista está amparada no cenário positivo para os supermercadistas em 2013 e que tende a se repetir, num panorama esperado de manutenção do emprego e da renda no país. Ampliações, geração de emprego e a Copa do Mundo são os principais fatores que têm impulsionado o sentimento positivo nos empresários.
Em Minas Gerais, por exemplo, em 2014 serão abertas mais de 10 mil vagas de empregos para atender um programa de expansão orçado em R$ 340 milhões. Os recursos serão aplicados na abertura de 85 lojas e reforma de 65 unidades. Já em Santa Catarina, a perspectiva para este ano também é de um período de crescimento econômico e físico, tendo cerca de pelo menos 10 projetos de expansão de novas lojas de grande porte e cerca de 15 empreendimentos de pequeno e médio porte – sem contar reformas e modernizações.
Imagina na Copa? O brasileiro sabe que cada jogo da seleção será como uma grande final de campeonato e como tal, algumas tradições como churrasco e reuniões entre amigos deverão manter aquecido o movimento nas lojas em todo país. “A Copa é um dos itens que ratificam a nossa visão otimista, até porque trará um movimento grande de turistas e gerará confraternização das famílias em suas casas, aumentando a demanda por alimentos e bebidas”, afirma o presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), João Galassi. Segundo o gerente de atendimento da Nielsen, Fábio Gomes da Silva e o presidente do conselho consultivo da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Sussumu Honda, a estabilidade de preços e a recuperação do volume de vendas de algumas categorias, como cervejas e refrigerantes, contribuirão para um melhor desempenho em 2014 nesse aspecto.
Segundo entrevista cedida por João Galassi à revista IstoÉ Dinheiro e divulgada na última quarta-feira, 12, o presidente da APAS revela o otimismo do setor e diz que “embora os empresários não deixem de acompanhar a variação cambial, o atual patamar do dólar, na casa de R$ 2,40, não é preocupante, sendo que o mesmo deverá se acomodar não trazendo grandes desafios, em 2014”.
Abaixo você acompanha a entrevista completa divulgada pelo jornalista Luís Artur Nogueira, da revista IstoÉ Dinheiro durante evento do Experience Club, em São Paulo.
DINHEIRO – Qual é a perspectiva para o setor de supermercados em 2014?
JOÃO GALASSI – A perspectiva é boa. Após crescer 4,5% em 2013, esperamos um novo avanço entre 3% e 4% neste ano. Ao contrário do ano passado, há menos incertezas em 2014. A inflação de alimentos, por exemplo, será menor, o que favorece a rende do trabalhador.
DINHEIRO – O desemprego, que está no menor nível da história, é garantia de mais vendas?
GALASSI – Sim, é um dado excelente. Nós vivemos do consumo das famílias, ou seja, o setor de supermercados depende da renda gerada pelo trabalho. Com o baixo desemprego, é possível afirmar que 2014 será um grande ano para o setor.
DINHEIRO – A recente alta do dólar ajuda ou atrapalha o setor?
GALASSI – O dólar, evidentemente, não é uma situação confortável para alguns produtos importados e para itens nacionais que usam insumos importados. Mas, até o momento, a alta do dólar não tem atrapalhado os nossos negócios. Em algum momento o dólar vai se acomodar e não deve trazer grandes desafios. No fim do ano, no entanto, a preocupação com o dólar aumenta por causa das ceias de Natal, que incluem produtos importados. Mas também acreditamos na ceia brasileira, com produtos nacionais da nossa safra agrícola.
DINHEIRO – A Copa do Mundo no Brasil vai realmente impulsionar as vendas?
GALASSI – Sim, a Copa é um dos itens que ratificam a nossa visão otimista. Acreditamos que a Copa trará um movimento grande de turistas e gerará confraternização das famílias em suas casas, aumentando a demanda por alimentos e bebidas.
DINHEIRO – Ondas de protestos violentos não preocupam o setor?
GALASSI – Todo protesto que foge do controle das autoridades e dos próprios manifestantes não é bom para ninguém. Porém, é evidente que as manifestações tiveram o mérito de trazer à tona as necessidades da sociedade. Precisamos tratar com mais profundidade a questão do transporte e da saúde, que afetam os nossos negócios. Quanto tempo os nossos consumidores e os nossos colaboradores perdem no transporte? No entanto, quando a Copa começar, acredito que vai prevalecer o clima esportivo e as manifestações vão se acalmar.