A Associação Paulista de Supermercados (APAS) apresentou nesta segunda-feira, 5, uma pesquisa inédita sobre o panorama macroeconômico do setor supermercadista e as tendências do consumidor brasileiro, durante a Feira APAS – 30º Congresso e Feira de Negócios em Supermercados. A pesquisa foi realizada em parceria com a Nielsen e Kantar Worldpanel.
O estudo foi divulgado em conjunto pelo presidente da APAS, João Galassi; o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Fernando Yamada; o diretor de Economia e Pesquisa da APAS, Dinis Dias; o gerente do Departamento de Economia e Pesquisa também da APAS, Rodrigo Mariano; além do vice-presidente da Associação Latinoamericana de Supermercados (ALAS), Sussumu Honda.
O estudo apontou que a renda vai continuar ditando o consumo no Brasil, mas na outra ponta da balança a inflação deve pautar o comportamento na hora da compra. A Copa do Mundo será a grande oportunidade do setor varejista, que tem uma projeção de faturamento de R$ 92 bilhões em 2014 só no estado de São Paulo.
Um dos destaques da pesquisa ficou por conta do aumento do autosserviço no Brasil, com faturamento de R$ 272,2 bilhões em 2013, o montante representa um crescimento real de 6,1% em um universo de quase 84 mil lojas; o estado de São Paulo também teve um crescimento no mesmo período, porém, num ritmo menor, de 3,7% e faturamento de R$ 79,9 bilhões. “Nossa proposta é fechar o ano de 2014 com 6% do PIB, em torno de R$ 300 bilhões”, calcula o presidente da Abras, Fernando Yamada.
O presidente da APAS completa. “Em 2013, o setor supermercadista atingiu 1,782 milhão de empregos em todo o Brasil. Em São Paulo, são mais de 500 mil empregados; o segmento do varejo como um todo emprega mais do que a indústria automobilística”, informou Galassi.
Combate à inflação
De acordo com o levantamento, a inflação somada ao endividamento das famílias e à estabilização do crédito são evidências consistentes de que o consumo começa a dar sinais de fraqueza. Por conta da estiagem, os produtos que mais pesaram no bolso do consumidor nos últimos 24 meses são justamente os que mais fazem parte da mesa do brasileiro – o arroz e o feijão – com alta de 31,8% e 14,2% respectivamente.
“Acreditamos que a posição de preços, que sempre é fortemente impactada no começo do ano, tende a se normalizar a partir de julho e fechar o ano dentro da meta estabelecida pelo Banco Central”, acredita o presidente da Abras, Fernando Yamada.
A inflação novamente começa a pautar o comportamento do consumidor, que para proteger seu poder de compra diminui sua frequência ao ponto de venda e volta a fazer compra de mês. Pelo terceiro ano consecutivo, a pesquisa evidenciou que o consumidor tem ido cada vez menos fazer compras. Em média, foram 23 visitas a menos em 2013 comparada com 2012.
Mudanças nos hábitos de consumo – brasileiro mais consciente
Outra constatação que a pesquisa notou foi que nos últimos anos, alimentos frescos ganham importância na cesta do brasileiro frente a outros departamentos. A análise observou um crescimento da importância de produtos de açougue, hortifrúti e padaria. Do outro lado da balança, pesam alimentos pouco saudáveis. A alta dos preços causam mudanças no hábito de consumo e por isso o consumidor faz escolhas mais saudáveis, substituindo produtos como refrigerantes, salgadinhos e refeições prontas por produtos como frutas e/ou vegetais frescos/congelados, que respondem pelo aumento de 11%, seguido de cereais a granel com 10%.
“A alta dos preços dos alimentos provoca mudanças nos hábitos de consumo e o destaque fica pela busca de produtos frescos por conta da saudabilidade dos mesmos, muito procurados nas redes de supermercados”, disse Galassi.
Comer em casa também se tornou uma opção do brasileiro na tentativa de tentar economizar. Pelo menos 63% dos consumidores afirmam diminuir gastos com refeições fora do lar.
Setor mantém-se otimista
Fazendo frente ao atual cenário econômico inflacionado e pouco positivo, o desempenho do setor é favorável. Pelos dados coletados pelo Banco Central, a expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no período 2013 comparativamente à 2012 foi de 5,9%, mesmo assim o segmento teve crescimento em todo segmento varejista com destaque para supermercados, com 9,3% de crescimento no período, e minimercados, com alta de 11,3%.
O desempenho positivo se manteve diante da adversidade pelo comportamento do consumidor. A pesquisa verificou que a prioridade do consumidor é manter seu bem-estar, mesmo com a tendência de alta na inflação e por isso os compradores não reduziram a frequência para compras de produtos “não básicos” – categorias que possuem menos de 70% de penetração no total brasil. O estudo mostrou que os “não básicos” somam 13% do faturamento do varejo alimentar.
Na categoria premium, 42% dos produtos apresentaram crescimento contra 55% que tiveram retração de volume médio por viagem ou frequência. Já nas categorias básicas, 86% do segmento retraiu o volume médio por viagem ou frequência. Nas categorias desenvolvidas – que tiveram pelo menos 70% de penetração em 2013 – 53% dos clientes aumentaram o volume de consumo no último ano.
Por fim, o incremento na renda do brasileiro nos últimos anos deu base para que todas as classes sociais passassem a acessar novos produtos, com destaque às classes D e E que passaram a consumir mais itens no carrinho de compras.
Crescimento em 2014
A principal conclusão que a pesquisa chegou sobre o ano de 2014 é que a renda e o emprego ditarão os resultados do setor. Conforme o estudo observou, a prioridade do consumidor é manter seu bem-estar, fator que deve sustentar o consumo. “A projeção de crescimento no estado de São Paulo é um faturamento de R$ 92 bilhões com 17 mil lojas e criação de 25 mil empregos. Por outro lado, o Índice de Preços do Supermercado (IPS) deve se manter em 7% este ano”.
Para ter ideia do potencial do Estado, essa cifra significa aproximadamente 32% do faturamento do Brasil. Mas como contrapeso, a inflação também continuará sendo uma das principais preocupações do brasileiro. O estudo espera que, à medida que a competição de varejo aumentar, o principal fator de diferenciação na hora da decisão da compra será o enfoque na qualidade e frescor das frutas, verduras e carnes e o principal canal de compra será o supermercado. O levantamento estima que 40% do consumo de carnes e aves, 36% de peixes e frutos do mar e 35% de verduras e verduras acontecerão no supermercado seguido.
Interior vai puxar o crescimento
A aposta da APAS sobre o crescimento do setor supermercadista nos próximos anos está no interior. Os dados mostram que o horizonte de bons negócios está fora das grandes capitais, visto que a oferta de empregos no interior é duas vezes maior e o crescimento do PIB real nos municípios interioranos foi de 4% contra 1,6% nas capitais.
Além disso, o interior apresenta estágio diferente de consumo, sinalizando potencial de crescimento em categorias ainda com baixo acesso. Soma-se ainda que os fabricantes também não conseguem desempenhar o mesmo papel do que nas capitais, o Share médio das marcas líderes é 7,5% menor no interior, o que indica maior espaço para crescimento.
Fator Copa do Mundo
Toda a cadeia supermercadista está otimista com relação ao desempenho do setor na época da Copa do Mundo de 2014. Os indicadores que sustentam essa hipótese é que as principais categorias de impacto na Copa seguem com tendência de crescimento nos últimos dois anos. As categorias são: água mineral, bolachas, café em pó, cerveja, chocolate, drops, caramelos e pastilhas, gomas de mascar, industrializados de carnes, refrigerante, salgadinho, sobremesas prontas, suco em pó, sucos concentrados e sucos prontos.
Em 2012, esses itens apresentaram crescimento de 1,4%; em 2013 o salto foi de 2%. Os números da pesquisa apontam que 63% dos brasileiros declaram que consomem algo enquanto assistem esportes na TV. O estudo dá conta de que um lar “fã de futebol” consome, em média, 20% a mais de cerveja, por ano, que um desinteressado nessa modalidade esportiva.
Também é esperado que o consumo de certos produtos aumente significativamente com destaque ao segmento de bebidas. No último mundial de futebol o consumo de cerveja cresceu 15%, gerando um faturamento de R$ 970 milhões. Em 2014 o consumo deve saltar para 37%. Por isso é esperado um volume de vendas no total de R$ 1,8 bilhão no período do evento.
A análise pautou ainda o comportamento do consumidor no momento dos jogos e notou que 70% preferem ver as partidas acompanhados, 56% em casa e 88% come e bebe na ocasião. O principal produto a ser consumido é o churrasco; entre as bebidas, mulheres optam por refrigerantes e homens pela cerveja.
“Estamos alertando todo o setor sobre essas demandas, já sabemos as categorias que mais crescem e o volume de venda que será acrescentado”, informou Galassi.
Para mais informações sobre a Feira APAS 2014, acesse o site oficial www.feiraapas.com.br.
Serviço
APAS 2014 – 30º Congresso e Feira de Negócios
Coletiva de imprensa: dia 05/05/2014, das 11h às 12h;
Solenidade de Abertura: dia 05/05/2015, das 14h às 15h;
Exposição: de 05/05/2014 a 07/05/2014, das 14h às 22h; e dia 08/05/2014, das 14h às 20h;
Congresso: de 06/05/2014 a 08/05/2014, das 08h às 14h;
Local: Expo Center Norte, localizado na Rua José Bernardo Pinto, 333 – Vila Guilherme, São Paulo – SP
