A APAS avalia que a perda do grau de investimento do Brasil pela agência de classificação de riscos Standard & Poor’s sinaliza a má condução da política econômica ao longo dos últimos anos. Diante do rebaixamento da nota brasileira, a Associação acredita que haverá desvalorização da moeda de maneira mais abrupta e o encarecimento do crédito.
“Em médio prazo, as taxas de juros tendem a se elevar em busca de mais atratividade para os investimentos estrangeiros no País. Assim, o setor de varejo será impactado com um menor acesso ao crédito, ou seja, haverá escassez, e o crédito disponível estará mais caro”, comentou o presidente Pedro Celso.
Segundo o presidente, a elevação dos juros, por meio de uma política monetária em busca de atrair o financiamento público se traduzirá em uma perda do ritmo da atividade econômica, prejudicando ainda mais o crescimento econômico para 2015 e 2016.
Para a Associação, o impacto da elevação da taxa de juros possui um efeito que se propaga na economia e que, de maneira defasada, a atinge em até seis meses. Portanto, trata-se de um impacto que ainda ocorrerá no início de 2016. “Faz-se necessária uma coordenação mais alinhada entre a política fiscal e a política monetária adotadas no Brasil, em que a preocupação deve ser voltada para a necessidade da rapidez com que devem ser aprovadas as medidas de ajuste fiscal e a dosagem da política monetária adotada”, disse o presidente.
Pedro destaca ainda que o ajuste fiscal deve ser feito maneira rápida e em sua totalidade, pois assim auxilia-se no processo de retomada gradual da confiança por parte dos agentes econômicos. Além disso, afirma que adotar o ajuste por meio de elevação de tributos ou impostos é demonstrar a incapacidade do governo federal em ajustar e cortar as despesas.
“O sinal que o governo federal passa é o de que não conseguiram cortar gastos e repassa a conta para a população em forma de aumento de tributos com um serviço publico cada vez pior. Isso é inadmissível diante da elevada carga de impostos que os brasileiros já pagam, e impactaria de maneira negativa o cenário varejista, que já não é dos melhores”, diz.
O presidente da entidade também opina que a realização imediata do ajuste fiscal acalmaria os mercados e sinalizaria a vontade política e econômica de retomada do crescimento, impactando na confiança do segmento na economia. “Só anunciar que o ajuste será feito não resolve, tem que de fato fazer. E também não adianta informar que toda a sociedade deverá fazer sacrifício, pois este já está sendo realizado pelos consumidores, empresários e indústrias há algum tempo. O momento é de o governo assumir sua parte nesta conta e fazer o ajuste fiscal via melhoria da gestão pública, ou seja, controlando suas despesas e investindo com eficiência”, conclui.