Depois de vários meses seguidos de alta, o Índice de Preços dos Supermercados, calculado pela APAS/FIPE, registrou queda de 0,18% em agosto, contando também com uma elevação acumulada, de janeiro a agosto, de 5,90%.
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A notícia, apesar de positiva, não anima o setor supermercadista. “A queda deveria ser maior para impactar o indicador em 12 meses, que já atinge 9,20%. A pressão nos custos continua sendo o principal fator de aumento do preço dos produtos”, afirma o gerente do departamento de Economia e Pesquisa da APAS, Rodrigo Mariano.
Tais pressões se referem em grande parte aos reajustes na energia elétrica e à variação expressiva do dólar, que continuam influenciando a alta dos preços. Em agosto, houve uma desaceleração principalmente dos produtos in natura, em função da maior oferta de produtos, a melhora no clima e o período de safra de alguns produtos, que favorecem as culturas de frutas, legumes e verduras.
Em função da extensa negociação feita entre supermercados e indústria, por mais um mês nota-se a diferença entre os indicadores de preços do setor supermercadista e os demais índices. Na avaliação desde a criação do Plano Real, temos:
IPS/APAS – variação acumulada de 182,58%;
IPCA/IBGE (São Paulo) – Alimentos e Bebidas – alta de 375,77%;
IPCA/IBGE (Brasil) – Alimentos e Bebidas – alta de 392,38%;
IPC-FIPE – aumento de 305,86%;
IPA/FGV – variação de 546,20%.
Produtos In Natura (-4,21%), com maior expressividade em legumes (-8,63%) e tubérculos (-10,62%). Os itens que apresentaram as principais quedas foram Batata (-17,58%), Beterraba (-17,54%), Tomate (-16,47%), Cebola (-11,62%). Em todos os casos, as temperaturas e os ajustes na quantidade ofertada, diante da elevação da safra e da colheita, impactaram a disponibilidade do produto.
Em 12 meses, a alta nos preços ainda é expressiva, atingindo 28,50%. Os preços em frutas, legumes e verduras em 2015 estão muito mais altos que em 2014. O acumulado dos preços de janeiro a agosto apontava para uma variação de 1,19% e em 12 meses foi registrado uma queda de 4,62%.
Produtos Semielaborados (Carnes, Leite e Cereais) tiveram queda de 0,78% em agosto, impactados, principalmente, pela retração nos preços das aves (-1,52%), suínos (-1,82%) e do leite (-0,30%).
Aves – as cotações apresentam retração diante de ajustes da oferta, e consequentemente, maior disponibilidade do produto pela queda das exportações para os Estados Unidos. No acumulado do ano, a alta nos preços das aves foi de 0,10%, e em 12 meses houve alta de 9,50%.
Carne suína – Os preços deste item foram influenciados pela maior oferta e disponibilidade do produto no mercado interno, que no ano aponta queda de -7,75%, mas em 12 meses registra alta de 4,74%.
Leite – A queda nos preços está atrelada ao fim do período de entressafra, diante do clima mais favorável. No acumulado do ano a alta foi de 11,51%, e em 12 meses a alta é de 0,70%.
Industrializados apresentaram alta com variação de 0,42%, que esteve relacionada ao aumento nos preços de derivados do leite (0,81%) e panificados (0,45%).
Derivados do leite – a alta reflete a tendência de crescimento já verificada no preço do leite, diante do período de entressafra, mas que deve ser revertida em setembro.
Panificados – os preços continuam impactados pela alta do custo da energia elétrica. Aliado a isto, a alta do dólar atinge a cotação do trigo e tem afetado os panificados e as massas em geral. Em 12 meses, o crescimento nos preços foi de 5,14% e, no acumulado, 4,33%.
Bebidas alcoólicas – Subiram 1,47%, reflexo da elevação da cerveja (1,51%) e do vinho (1,25%). Em 12 meses, a alta nos preços foi de 9,92%, e no acumulado 3,57%.
Bebidas não alcoólicas registram aumento de 1,59%, em função dos aumentos nos preços do refrigerante (2,53%). Em 12 meses a alta nos preços foi de 9,93%, e no acumulado 6,23%.
Produtos de limpeza – Tiveram queda de -0,33%, diante da retração nos preços do sabão em pó (-1,54%) e do detergente (-0,89%). Em 12 meses, o crescimento nos preços foi de 6,17%, e no acumulado 5,47%.
Artigos de higiene e beleza – Subiram 1,40%, impactados pela elevação nos preços do sabonete (2,44%) e shampoo (0,77%). Em 12 meses, a alta foi de 9,09%, e, no acumulado, 6,85%.
Em agosto, as variações negativas estiveram presentes em cerca de 36,49% dos itens, de acordo com o índice de difusão (proporção das variações de preços negativas), ficando abaixo da média dos últimos 24 meses, que é de 38,76%.