A alta do dólar apresentada nos últimos meses pode trazer consequências para o setor supermercadista, com reajuste nos preços de alguns produtos, como azeites, vinhos importados, bacalhau, alguns itens de higiene e beleza, como desodorante (os que possuem insumos importados ou são fabricados fora do país) e os que são relacionados diretamente com o trigo – já que parte do trigo é importada -, como o pão francês e massas em geral.
“Diante da concorrência, os estabelecimentos precisam disponibilizar preços mais competitivos ao consumidor, o que tende a manter os preços em patamares estáveis em caso de alta temporária do dólar”, afirma Rodrigo Mariano, gerente do departamento de Economia e Pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (APAS). Os supermercados terão que se esforçar na negociação junto à indústria para não repassar esse aumento, destaca Rodrigo Mariano.
“O aumento do dólar deixa os produtos importados mais caros e pressiona os preços para cima. Também encarece as importações de máquinas e equipamentos, além de tornar as linhas de financiamento externo menos atrativas”, comenta.
Por outro lado, pode haver um maior estímulo à exportação de produtos nacionais para o exterior e, portanto, um aumento da renda do setor exportador, o que reflete positivamente no PIB brasileiro. “Essa é uma oportunidade que deve ser aproveitada pela indústria brasileira para focar o investimento nos produtos que antes eram importados. Aliado a isso é importante que os supermercados analisem seu mix de produtos para adequar a demanda do consumidor, diante da elevação do dólar”, diz.
Optar por produtos nacionais e pesquisar mais antes de comprar são importantes dicas dadas pelo economista. “Nos últimos anos, a procura por importados cresceu devido à baixa do dólar. Agora, o consumidor tende a voltar a consumir os produtos nacionais”, afirma.