Entre novembro de 2014 e outubro deste ano, a diferença acumulada entre os preços das cestas básicas nos supermercados de seis cidades da região chega a R$ 430,55, o equivalente a 7,92% de variação entre os estabelecimentos mais baratos e aqueles que praticam preços mais elevados. O levantamento foi feito pelo Diário com base nas pesquisas mensais divulgadas pela Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André). A análise não inclui Rio Grande da Serra.
Durante os últimos 12 meses, o consumidor que optasse por fazer as compras nas lojas mais baratas teria desembolsado R$ 5.431,85. Nos supermercados mais caros, a soma dos preços das cestas básicas atingiu R$ 5.861,40. Em outubro, a média nos valores cobrados pelo pacote – composto por 34 itens de alimentação, higiene pessoal e limpeza doméstica – foi de R$ 487,99. Ou seja, com os R$ 430,55 de diferença, é possível comprar quase que outra cesta, faltando apenas os itens de hortifrúti (batata, cebola, tomate, alface, laranja e banana).
Os preços mais competitivos foram encontrados em estabelecimentos pequenos. Nos 12 meses pesquisados, o Baronesa, de Mauá, apresentou a melhor oferta em oito ocasiões. Em outras três, as cestas mais baratas foram as do Lourencini, que possui sete unidades – todas em Mauá.
Para o economista Volney Aparecido Gouveia, professor da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), uma das explicações para esse cenário é o fato de as redes menores buscarem produtos mais baratos para revender. “Eles atingem um público de menor renda, que é muito mais sensível à variação de preços. Portanto, compram grande quantidade de itens de marcas desconhecidas e valor mais acessível.”
O engenheiro agrônomo Fábio Vezzá De Benedetto, responsável pela pesquisa da Craisa, segue linha de raciocínio semelhante. Ele explica que o levantamento é feito de maneira a mostrar os produtos mais baratos. “Não tem como cotar só uma marca, pois correríamos o risco de os resultados ficarem incompletos, já que nem sempre os supermercados trabalham com todas as marcas.”
Benedetto argumenta que os órgãos fiscalizadores – como o Ministério da Agricultura, por exemplo – deveriam criar critérios mais claros para tipificação dos produtos. “O feijão é um caso claro. A classificação como tipo 1 permite uma variação muito grande de qualidade, fazendo com que produtos de aspectos diferentes sejam enquadrados na mesma categoria”, explica. Ele salienta que uma das saídas do setor atacadista para melhor diferenciar os tipos de feijão – e, assim, definir melhor os preços – foi criar as nomenclaturas “extra e comercial”, cujo objetivo é melhorar a especificação. “Mas isso não é algo oficial”, lamenta.
Além dasvariedade no mix de mercadorias, a estrutura física de atendimento também influência nos preços praticados, conforme explica o deputado estadual Orlando Morando (PSDB), vice-presidente da Apas (Associação Paulista de Supermercados). “As redes pequenas conseguem ser mais dinâmicas na redução de gastos. O proprietário está mais perto e vê a possibilidade de economizar com energia e água, por exemplo.”
Morando acrescenta que o quadro de funcionários mais enxuto também permite que os gastos sejam inferiores. “Uma grande loja tem que ter fiscais, gerente de área, encarregados. Nas menores não. E essa economia é repassada nos preços”, finaliza.
A pesquisa mostra que em sete dos últimos 12 meses, as cestas básicas mais caras foram encontradas em unidades da Coop. A empresa afirma que preza por oferecer produtos de melhor qualidade – cujos preços são mais elevados do que os desconhecidos. Por meio de sua assessoria de imprensa, o grupo também questiona a metodologia da pesquisa e afirma que a comparação deveria ser feita com itens da mesma marca, o que evitaria distorções nos resultados apresentados.
De novembro do ano passado até este mês, as cestas básicas vendidas na região – tanto as mais caras quanto as mais baratas tiveram elevação de aproximadamente 10,2%. O aumento é superior à inflação acumulada no período, cuja previsão é de 9,85%.
Fonte: Diário do Grande ABC