A entrada da classe C no varejo virtual irá mudar a cara da Internet, a começar pelo mix de produtos e de valor gasto nas compras virtuais. É o que crêem varejistas e indústrias de consumo. De acordo com pesquisa realizada pela e-Bit, empresa especializada em informações de e-commerce, a classe C, cuja renda familiar é de R$ 1 mil a R$ 3 mil, foi responsável por 35% das aquisições no varejo on-line em dezembro. Esse consumidor desembolsa em média R$ 205,00 em cada compra – um tíquete 57% inferior ao valor que os clientes das classes A e B costumam gastar nos sites, em torno de R$ 322,00. Mas esse movimento está sendo compensado pelo maior volume de vendas. No ano passado, o e-commerce cresceu 43% no Brasil, atingindo um faturamento de R$ 6,3 bilhões.
Outro levantamento, da consultoria TGI, que abrange um período mais longo, mostra que os internautas da classe C, que em 2000 respondiam por 4,2% do e-commerce, já chegaram a 10,3% em 2007. Na pontocom do hipermercado Extra, por exemplo, que recebe 2,8 milhões de visitantes por mês, a classe C já representa 20%. Com mais dinheiro no bolso e maior familiaridade com o computador, a população de classe C está consumindo mais de tudo. Na Internet, o grande atrativo são os prazos de financiamento – hoje, todos os sites parcelam no cartão em, no mínimo, 12 vezes, e o frete é grátis.
Diferentemente das classes A e B, que costumam fazer suas compras em casa, a população de menor renda tem encontrado outras formas de ir às compras porque muitos não podem assinar o serviço de banda larga. De acordo com pesquisa da agência de publicidade McCann Erickson, em conjunto com o instituto de pesquisa Data Popular, sobre os hábitos de consumo da classe C, revela que 45% consumiram pela Internet da própria casa, mas 39% já compraram no trabalho; 30% disseram já ter usado os computadores de amigos e parentes e 18% consomem em lan houses. Além de usar a Internet de forma diferente, a classe C também consome outros produtos, como celulares, ao invés de eletrodomésticos – o item de maior preferência dos internautas mais abastados.