A APAS avalia que a instalação do processo de impeachment da presidente da República, Dilma Rousseff, reflete o momento turbulento da política brasileira, que tem afetado (e muito) a economia, com reflexos negativos em todos os setores de atividade, inclusive o supermercadista. E este processo vem para agravar ainda mais o cenário econômico, ao menos no curto prazo.
“Os entraves ocorridos devido às indefinições políticas, que impossibilitaram o ajuste fiscal proposto pelo Ministério da Fazenda, somados a má condução da política econômica ao longo dos últimos anos, trouxeram ao Brasil um dos piores momentos econômicos da história”, comenta o presidente da APAS, Pedro Celso.
Na visão do presidente da APAS, o impacto na economia com o processo de Impeachment dependerá crucialmente de alguns fatores relacionados:
• Resultado final do processo de impeachment
• Comportamento das lideranças políticas do país neste processo
• Comportamento da equipe econômica ao longo deste processo
Segundo a Associação, independentemente do resultado, este tende a ser um fator que trará impacto que pode ser positivo na economia. Isso ocorre porque, em caso de permanência ou de impeachment da presidente, o cenário político deve ficar mais previsível e com menos incertezas no médio prazo.
A APAS também acredita que o comportamento das lideranças políticas possa trazer impactos significativos para a economia. “Se o comportamento for de retaliações na condução das pautas, o cenário político e suas indefinições podem continuar travando a agenda econômica para a retomada do crescimento econômico”, reforça Pedro Celso.
Para o presidente, o papel do Ministério da Fazenda, do Ministério do Planejamento e do Banco Central do Brasil será fundamental no sentido de melhorar o ambiente econômico diante do cenário político que deve se desenrolar ao longo do processo de impeachment.
Impactos negativos para a economia
Com relação aos aspectos negativos, o processo de impeachment se inicia diante de um quadro que já não favorece o andamento de pautas econômicas que tratam, por exemplo, do ajuste fiscal. “Do ponto de vista econômico, no curto prazo toda a agenda a ser tratada pelo Congresso deve ficar parada, prejudicando ainda mais o cenário econômico já debilitado”, ressalta.
Pedro Celso comentou que o desempenho do PIB para 2016 também pode ser afetado negativamente diante de um início de ano com algumas indefinições no cenário político e na economia, principalmente diante do fato de que Michel Temer levaria algum tempo para a condução de um governo que realizasse ações que gerassem resultados de curto e médio prazo.
Segundo o presidente da APAS, eventuais medidas de Temer trariam no curto prazo um aprofundamento da crise da atividade econômica, com geração de mais desemprego e queda na renda da população. “Isso impactaria negativamente ainda mais o cenário que já é deplorável da economia brasileira. No médio e longo prazo, o remédio amargo do ajuste fiscal contribuirá para a retomada da atividade econômica”.
Ele acredita que o novo presidente, ao assumir o país, se defrontará com as mesmas dificuldades e desafios da presidente atual, que são: corte nos gastos públicos, provável elevação dos impostos, eleições municipais em 2016 pautadas pelo acirramento das posições políticas, corrida presidencial de 2018 que já se inicia em 2016 e quadro recessivo na economia em 2016.
Impactos positivos para a economia
Já com relação aos aspectos positivos, a instalação do processo de impeachment traz uma previsibilidade em relação ao fato de que teremos uma definição sobre se a presidente Dilma Rousseff terminará seu mandato ou não e, assim, a expectativa em relação ao cenário político pode ser mais clara para analistas econômicos e empresários, em um processo em que haverá mais condições para a tomada de decisão no ambiente de curto prazo.
“Ao final do processo de impeachment, e em caso de permanência da presidente em seu cargo, haverá uma tendência mais clara de que o mandato tende a ser cumprido, retirando toda a indefinição atual existente no mercado. A agonia em que a sociedade se encontra neste momento é algo não merecido e vem afetando diretamente a confiança da população, que não se sente otimista e que não possui nem a esperança, que sempre foi uma característica intrínseca aos brasileiros”, analisa o presidente.
Outro ponto positivo e o de maior probabilidade, na visão da APAS, é que caso o vice-presidente Michel Temer assuma o comando do país, haja uma coalisão entre os parlamentares, com maior apoio político tanto da Câmara dos Deputados quanto do Senado para a aprovação de medidas que hoje são travadas por não terem apoio do partido da presidente. “Assim, a votação de assuntos importantes para a retomada do crescimento econômico pode ser viabilizada, contribuindo para maior previsibilidade na condução da política fiscal, acarretando em uma elevação da confiança por parte dos empresários e consumidores”, diz.
Pedro ainda sinaliza que um novo presidente tende a ter mais tolerância por parte da população para um período em que possa mostrar ações que retomem a confiança do empresariado e dos consumidores.
Sobre o processo de impeachment
Os últimos acontecimentos relacionados ao processo de impeachment ao postergar votações têm, segundo a APAS, refletido interesses individuais dos parlamentares, em um momento em que é preciso priorizar o coletivo. “Os nossos representantes no Congresso precisam agir conforme a expectativa dos cidadãos que neles votaram, ou seja, defender o interesse do País e não retardar as ações em pauta para março, quando voltam do recesso parlamentar. Se necessário for, este recesso precisa ser abdicado para o bem da nação. A APAS defende que os parlamentares tomem as atitudes necessárias para que o procedimento seja rápido e objetivo e, assim, contribuir para que a economia possa destravar-se o quanto antes, independente do resultado do processo de impeachment”, finaliza o presidente da entidade.