A Associação Paulista de Supermercados (APAS) avalia que o resultado do PIB (Produto Interno Bruto) para o primeiro trimestre de 2016 reflete a gravidade do problema econômico brasileiro, resultado da má condução da política econômica do governo federal ao longo dos últimos anos, que impactou na redução da produção, do investimento, do emprego e da renda.
O resultado do PIB tinha a tendência de ser mais negativo do que de fato foi, e mesmo o mercado esperava por um resultado pior neste primeiro trimestre. No entanto, a expectativa em relação ao consumo das famílias era mais otimista do que o verificado. A expectativa era de uma queda de 1% no consumo das famílias, mas o resultado divulgado apontou para queda de 1,7%.
No primeiro trimestre de 2016 o PIB registrou queda de 0,3% na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Em uma avaliação dos setores de atividade, o comportamento foi o que segue: agropecuária com queda de 0,3%, a indústria com recuo de 1,2% e os serviços com variação negativa de 0,2%. Pela ótica da despesa, a formação bruta de capital fixo registrou queda de -2,7% e a despesa de consumo das famílias teve queda de -1,7%, já a despesa de consumo do governo cresceu 1,1%, as exportações de bens e serviços tiveram elevação de 6,5%, e as importações de bens e serviços tiveram queda 5,6%.
Na comparação com o primeiro trimestre de 2015 houve queda de 5,4%. Já o PIB anualizado registra queda de 4,7% nos últimos 12 meses, sendo a maior queda de toda série histórica desde 1996. Um resultado como este é algo impensável e inaceitável para uma economia do tamanho da econômica brasileira, que está entre as 10 maiores econômicas do mundo e que já esteve entre as 6 maiores economias do mundo.
Na avaliação da APAS, os últimos anos de descompasso da política econômica por parte do governo federal, tanto do ponto de vista da política fiscal, com excessivos gastos e má gestão dos gastos, quanto da política monetária descoordenada resultou neste cenário econômico vivenciado atualmente.
Do ponto de vista do setor supermercadista, o destaque negativo é a queda no consumo das famílias que atingiu -1,7% no trimestre, registrou queda de -6,3% em relação ao trimestre anterior e apontou queda de -5,2% no acumulado dos últimos 12 meses em relação ao ano anterior. E este resultado reflete o desempenho do varejo brasileiro, e o consequentemente, impacto no setor supermercadista. Assim, o Comércio apontou queda trimestral de -1%, e os reflexos são sentidos em todos os segmentos do comércio, incluindo o setor supermercadista, que vem sofrendo com a redução da atividade econômica, que se traduz em redução do emprego e da renda da população, e assim, tem contribuído para a redução do ritmo de vendas dos supermercados.
A junção de desemprego, queda de renda aliado a inflação tem afetado de maneira expressiva as vendas de supermercados. A inflação, ao reduzir o poder de compra da população também tem afetado de maneira direta as vendas nos supermercados, já que o consumidor necessita fazer escolhas em relação aos seus gastos, e optam muitas vezes por produtos mais baratos ou até mesmo faz escolhas de levar ou não alguns produtos. Mas, o quadro tem se agravado pela queda no emprego, o que de fato agrava a situação já ruim da economia brasileira.
No entanto, o resultado do PIB também pode ser analisado sobre um prisma de oportunidade e de um otimismo nas entrelinhas, com destaque para dois componentes: PIB caiu menos do que o esperado pelo mercado e o comportamento do consumo das famílias foi pior do que o esperado. Em relação ao PIB apresentar um resultado ligeiramente melhor do que o mercado esperava pode ser uma variável canalizada para uma perspectiva melhor para os próximos trimestres, diante de uma expectativa mais otimista para o ambiente de negócios. Aliado a isto, ao que tudo indica podemos estar próximos do fim da fase de recessão da economia brasileiro dentro do ciclo econômico, mas para isso é necessário acompanhar os indicadores de atividades nos próximos meses. Já comportamento do consumo das famílias com um resultado pior do que o esperado, sinaliza que o mercado de trabalho, através da redução do emprego, de fato, tem prejudicado e muito a geração de renda, que somado a inflação reduz o poder de compra dos consumidores, reduzindo o consumo das famílias, e esta variável pode ser um sinalizador de que há espaço para a politica monetária atuar de modo a reduzir a taxa de juros já na próxima reunião, fator este que melhoria o ambiente de negócios e poderia afetar positivamente a confiança do setor produtivo.