O clima mais uma vez foi o fator preponderante para aumentar os preços dos produtos nos supermercados paulistas. De acordo com o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE, em junho a alta foi de 1,36%. No acumulado de janeiro a junho, houve elevação de 7,54%. Já em 12 meses, a alta nos preços dos supermercados atingiu 13,76%.
A título de comparação com 2015, a inflação em 12 meses naquele mês foi de 7,78%, portanto, ao longo de 2015 e 2016 a inflação se manteve persistente.
Leite e derivados
De acordo com a pesquisa, a alta nos preços em junho esteve diretamente relacionada, principalmente, ao aumento do preço do leite (13,51%) e dos seus derivados (2,44%).
Em 12 meses a alta nos preços do leite foi de 29,91% e, no acumulado do ano, a alta é de 34,15%, o que faz dele um dos responsáveis pelo aumento expressivo do grupo de Carnes, Leite e Cereal (Semielaborados) que registrou em junho alta de 5,03%. Também em 12 meses, a elevação deste grupo foi de 13,87% e, no acumulado de janeiro e a junho, a alta é de 7,75%.
Segundo o gerente de Economia e Pesquisa da APAS, Rodrigo Mariano, os motivos estão relacionados a fatores como escassez de chuvas, frio intenso e aumento do consumo da ração animal. “O clima impacta de maneira expressiva, pois com menos chuvas as pastagens ficam mais secas. O frio mais intenso prejudica o pasto e faz com que o produtor tenha que complementar a alimentação dos animais com ração, que é composta basicamente de soja e milho – itens que estão com preços altos”, explica.
Outro fator destacado pelo economista é a opção de alguns produtores de abater as vacas, em função do alto custo de produção do leite. Esta estratégia garante ganhos e mantém a rentabilidade da produção, mas causa redução da oferta do produto e, consequentemente, leva à alta nos preços do leite.
Produtos In Natura – tiveram queda em junho de -4,60%. O destaque é para as frutas (-8,25%), sendo as maiores contribuições limão (-28,23%) e mamão (-34,30%). Outro destaque para a redução dos preços foram os legumes (-7,26%), em que as maiores contribuições foram do tomate (-6,13%) e da cenoura (-38,09%). As quedas nos preços destes produtos estão relacionadas à maior disponibilidade destes no mercado, diante do período de safra. Em 12 meses a alta nos preços destes produtos foi de 20,65%. No acumulado de janeiro a junho, a alta foi de 15,36%.
Produtos industrializados – apresentaram alta com variação de 1,09%, que esteve relacionada à elevação nos preços de derivados do leite (2,44%). Em 12 meses a alta foi de 12,43% e, no acumulado de janeiro a junho, de 6,60%.
Bebidas alcoólicas – tiveram queda nos preços em junho, com variação de -0,81%, reflexo da retração no preço da cerveja (-1,10%). Em 12 meses a alta nos preços foi de 13,83% e, no acumulado do ano, de 5,94%. As bebidas não alcoólicas registram alta de 1,63%, diante da alta, principalmente, do refrigerante (1,89%). Em 12 meses, a alta nos preços foi de 11,64% e, no acumulado do ano de 4,90%.
Produtos de limpeza – subiram 1,17%, impactados pelo preço do sabão em pó (1,55%). Em 12 meses a alta foi de 13,81% e, no acumulado do ano, 8,28%.
Artigos de higiene e beleza – apontaram alta de 0,18%, impactados pelo preço do sabonete (1,95%). Em 12 meses a elevação foi de 13,88% e, no acumulado de janeiro a junho, 4,85%.
Comparação com demais indicadores de inflação
Em junho, as variações negativas do IPS, isto é, a queda de preços dos produtos, estiveram presentes em 35,66% dos itens pesquisados nos supermercados – de acordo com o índice de difusão (proporção das variações de preços negativas). Como a média deste índice é de 40,09%, o indicador reforça uma menor disseminação da inflação sobre os diversos itens que compõe o (IPS).
“Este dado atesta os esforços históricos do setor supermercadista em negociar exaustivamente com seus fornecedores e garantir, assim, mais competitividade e menores repasses de preço aos consumidores”, conta o economista Rodrigo Mariano.
Quando avaliado desde a criação do Plano Real, em 1994, o IPS/APAS apresenta variação acumulada de 219,44%, o IPCA/IBGE tem alta de 447,26%, o IPC-FIPE tem aumento de 340,92% e o IPA/FGV tem variação de 639,12%. Assim, a evolução dos preços ao longo dos anos, aponta uma alta mais moderada no setor supermercadista, diante de sua característica de concorrência, onde os ganhos de eficiência e produtividade aliados as constantes negociações junto à indústria, possibilitam preços mais competitivos para serem ofertas aos consumidores.
ÍNDICE DE PREÇOS DOS SUPERMERCADOS (IPS/APAS)
OS 10 PRODUTOS QUE APRESENTARAM AS MAIORES VARIAÇÕES NEGATIVAS
OS 10 PRODUTOS QUE APRESENTARAM AS MAIORES VARIAÇÕES POSITIVAS
Nota Metodológica
O Índice de Preços dos Supermercados tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em 6 categorias: i) Semielaborados (Carnes Bovinas, Carnes Suínas, Aves, Pescados, Leite, Cereais); ii) Industrializados (Derivados do Leite, Derivados da Carne, Panificados, Café, Achocolatado em Pó e Chás, Adoçantes, Doces, Biscoitos e Salgadinhos, Óleos, Massas, Farinha e Féculas, Condimentos e Sopa, Enlatados e Conservas, Alimentos prontos,); iii) Produto In Natura (Frutas, Legumes, Tubérculos, Ovos, Verduras); iv) Bebidas (Bebidas Alcoólicas, Bebidas Não Alcoólicas); v) Artigos de Limpeza; vi) Artigos de Higiene e Beleza. Assim, o IPS se apresenta como instrumento útil aos empresários do setor na tomada de decisões com relação a preços e custos dos mais diversos produtos. No que diz respeito à indústria, de maneira análoga, possibilita a tomada de decisão com relação a preços e custos dos produtos destinados aos supermercados. Ao mercado e aos consumidores é útil para a análise da variação de preços ao longo do tempo possibilitando o acompanhamento da evolução dos custos ao consumidor do setor supermercadista.
Sobre a APAS – A Associação Paulista de Supermercados representa o setor supermercadista no Estado de São Paulo e busca integrar toda a cadeia de abastecimento. A entidade tem 1.328 associados, que somam mais de 2.830 lojas.
Gestão de relações com a mídia APAS – Associação Paulista dos Supermercados
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