O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE apresentou alta de 0,95% em julho. No acumulado de janeiro a julho, o aumento foi de 8,56% e, em 12 meses, atingiu 13,91%. Este é o maior valor para 12 meses desde outubro de 2003 (17,22%).
“Novamente, a alta nos preços dos alimentos se manteve em patamar elevado. Os motivos estão relacionados à pressão sobre os custos de produção, aliados a problemas climáticos que afetam a disponibilidade e a oferta de produtos”, comentou o gerente de Economia e Pesquisa da APAS, Rodrigo Mariano.
Em comparação com o ano passado, a inflação em 12 meses naquele período foi de 9,14%, portanto, ao longo de 2015 e 2016 o comportamento da inflação manteve sua trajetória de alta persistente.
Segundo o economista, este comportamento esteve diretamente relacionado ao aumento nos preços do grupo de Semielaborados (Carnes, Leite e Cereais) com alta de 4,71%, com destaque para a elevação do Leite (16,12%) e do grupo de Cereais (12,27%). As análises da APAS ainda apontam que a alta está diretamente relacionada a alguns fatores conjuntos, que são:
- Questões climáticas: com pouca chuva as pastagens ficaram mais secas. Aliado a isto, o frio mais intenso prejudicou o pasto e acarretou em quantidade menor de alimentação para os animais, impactando na produção do leite;
- Baixa qualidade das pastagens: o produtor de leite necessitou complementar a alimentação dos animais com ração, que é composta basicamente de soja e milho (dois itens que têm apresentado alta de preços), e isto encareceu a produção, pressionando os preços.
- Produção mais cara: alguns produtores optaram pelo abate de vacas para garantir ganhos e manter a rentabilidade de sua produção, o que causou uma redução da oferta do produto e, consequentemente, aumento nos preços do leite.
No caso dos Cereais, a alta se deve, principalmente, às pressões sobre os preços do feijão. Em julho, o aumento do produto chegou a 36,56% por influência da menor oferta, que reduziu a disponibilidade no mercado interno.
Em 12 meses, a alta dos Semielaborados chegou a 18,19% e, no acumulado de janeiro e a julho, a 12,83%. Neste caso, o leite e os cereais são os destaques com alta em 12 meses, respectivamente de 45,94% e 51,84%.
No acumulado de janeiro a julho, a alta nos preços do leite é de 55,77%, e os preços de cereais acumulam alta de 39,43% neste período.
Industrializados – apresentaram alta de 1,60%. A variação esteve relacionada, principalmente, à alta nos preços de derivados do leite (4,50%). Em 12 meses, a elevação nos preços dos produtos industrializados foi de 13,90% e, no acumulado de janeiro a julho, 8,31%.
Produtos In Natura – tiveram queda de 6,97% em julho. O destaque são os tubérculos (-23,90%), diante da retração nos preços de cebola (-41,31%) e batata (-25,62%). Esta redução dos preços tem relação direta com a maior disponibilidade do produto, diante da colheita da safra que elevou a oferta no mercado interno.
As frutas também apresentaram redução dos preços de 6,46% em julho, com destaque para mamão (-38,96%) e laranja (-4,53%). Em 12 meses, a alta nos produtos in natura foi de 9,07%. No acumulado de janeiro a julho, a alta é de 7,32%. As altas expressivas verificadas no primeiro semestre já apontam desaceleração e, em alguns casos, demonstram até redução dos preços, diante de uma maior disponibilidade dos produtos.
Bebidas alcoólicas – tiveram queda em julho, com variação de -0,53%, reflexo da retração no preço da cerveja (-1,58%). Em 12 meses, a alta foi de 12,84% e, no acumulado do ano, 5,38%. As bebidas não alcoólicas registram queda de 0,03%, diante da queda do suco de frutas (-1,30%). Em 12 meses a alta foi de 10,27% e, no acumulado do ano, 4,87%.
Produtos de limpeza – apresentaram retração de 0,23%, impactados pela queda nos preços do sabão em pó, com variação de 0,87%. Em 12 meses, a elevação foi de 12,37% e, no acumulado do ano, a alta foi de 8,03%. Os artigos de higiene e beleza apontaram queda de 0,43%, impactados pelo sabonete (-0,31%). Em 12 meses, a elevação foi de 12,70% e, no acumulado de janeiro a julho, a alta é de 4,40%.
Na avaliação desde a criação do Plano Real, em 1994, o IPS/APAS apresenta variação acumulada de 222,48%; o IPCA/IBGE tem alta de 450,10%; o IPC-FIPE tem aumento de 342,47%; e o IPA/FGV tem variação de 633,27%.
Isso significa que a evolução dos preços ao longo dos anos aponta uma elevação mais moderada no setor supermercadista diante de sua característica de concorrência, em que os ganhos de eficiência e produtividade aliados às constantes negociações junto à indústria possibilitam preços mais competitivos para os consumidores.
Nota Metodológica
O Índice de Preços dos Supermercados tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em 6 categorias: i) Semielaborados (Carnes Bovinas, Carnes Suínas, Aves, Pescados, Leite, Cereais); ii) Industrializados (Derivados do Leite, Derivados da Carne, Panificados, Café, Achocolatado em Pó e Chás, Adoçantes, Doces, Biscoitos e Salgadinhos, Óleos, Massas, Farinha e Féculas, Condimentos e Sopa, Enlatados e Conservas, Alimentos prontos,); iii) Produto In Natura (Frutas, Legumes, Tubérculos, Ovos, Verduras); iv) Bebidas (Bebidas Alcoólicas, Bebidas Não Alcoólicas); v) Artigos de Limpeza; vi) Artigos de Higiene e Beleza. Assim, o IPS se apresenta como instrumento útil aos empresários do setor na tomada de decisões com relação a preços e custos dos mais diversos produtos. No que diz respeito à indústria, de maneira análoga, possibilita a tomada de decisão com relação a preços e custos dos produtos destinados aos supermercados. Ao mercado e aos consumidores é útil para a análise da variação de preços ao longo do tempo possibilitando o acompanhamento da evolução dos custos ao consumidor do setor supermercadista.
Sobre a APAS – A Associação Paulista de Supermercados representa o setor supermercadista no Estado de São Paulo e busca integrar toda a cadeia de abastecimento. A entidade tem 1.328 associados, que somam mais de 2.830 lojas.
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