Durante entrevista coletiva na ABRAS em 30 de janeiro, além do presidente João Sanzovo Neto, esteve presente Lenita Mattar, responsável Nielsen pela pesquisa sobre desempenho de formatos e categorias em 2016, apresentando queda de -4,7% no volume de vendas no varejo em geral, que considera, além de super e hipermercado, os mercados de vizinhança, bares, farmácias e perfumarias.
De modo geral, a pesquisa apontou que, devido ao contexto econômico atual, a renda do brasileiro encolheu – seja por desemprego, seja por recolocação no mercado de trabalho com salários mais baixos, o que impactou diretamente no consumo das famílias, especialmente as de classe C.
“As famílias brasileiras sentiram a crise e fizeram maior contenção nos gastos. Este freio no consumo também demonstra um comportamento mais maduro em controlar despesas e pagar dívidas contraídas em anos anteriores”, reforçou Lenita.
Com renda menor, o brasileiro comprou menos – especialmente em supermercados, hipermercados e mercados de vizinhança: somente este conjunto de formatos apresentou queda no volume na ordem de -4,3%. O consumidor mudou seu comportamento, desde manter a marca de preferência, porém em embalagens menores, passando por trocar por marcas mais baratas até, por fim, deixar de consumir aquele produto.
“Em 2015, o volume de vendas no varejo apresentou queda de -1,2% e, em 2016, -4,7%. É a primeira vez desde a década de 90, quando a Nielsen iniciou a pesquisa, que observamos queda no volume por dois anos consecutivos”, explicou Lenita.
A única categoria que apresentou alta no volume foi a de farmácias (2,8%). Separadamente analisados, os atacarejos apresentaram alta na ordem de 12,5%. Mesmo considerando estes dois desempenhos, não houve equilíbrio o suficiente para puxar todas as demais categorias. Assim, o volume geral de vendas ‘varejo mais atacarejo’ apresentou queda de -3,0% em 2016.
“O crescimento do volume de vendas do atacarejo, porém, tende a se estabilizar. Ao passo que a economia melhore, o consumidor passará a adquirir maturidade na dinâmica de suas compras, realizando menos compras de abastecimento e mais idas aos supermercados”, alertou Lenita.
Para o presidente da ABRAS, tudo dependerá da retomada de renda da população, que por sua vez, para acontecer, depende de novos investimentos no país.
“Nossa expectativa é a de que, mesmo que lentamente, os investimentos no Brasil sejam restabelecidos – inclusive no setor de commodities, já que somos tão fornecedores quanto os Estados Unidos, que passarão por alterações comerciais já decretadas pela nova gestão presidencial. Também podem haver investimentos nos programas de concessões do nosso governo para portos, aeroportos, ferrovias e rodovias. Investimentos voltando, voltam os empregos, retoma-se a renda e o consumo torna a crescer”, conclui Sanzovo.