Associação Paulista de Supermercados (APAS) alerta que o café deve ficar ainda mais caro nas gôndolas do supermercado, já que os preços apresentam uma tendência de alta para o segundo semestre de 2022. De acordo com uma pesquisa elaborada pelo Departamento de Economia da APAS, o preço da saca do café arábica ganhou força nos últimos 12 meses e registrou uma elevação média de 172%. A saca que era negociada em torno de R$ 483,25 em junho de 2021 chega, em junho de 2022, ao preço de R$ 1.316,85.
A redução na produção da safra e os baixos níveis de estoque nacional e internacional são os principais motivos do aumento. O economista da APAS, Diego Pereira, explica que o volume produzido de café arábica em 2022 sofreu uma redução de 26% se comparado ao ano de 2020.
“Parte da redução está ligada à característica da cultura do café, na qual a florada é abundante a cada 2 anos. A escassez pluviométrica agravou ainda mais o desenvolvimento dos pés nas principais regiões produtoras. Esse resultado não é sentido desde 2014, quando o país passou por problemas climáticos parecidos com os de hoje”, afirma.
Além das vertentes climáticas, o volume de café exportado de janeiro a maio de 2022 foi 12% inferior ao mesmo período de 2021, provocando uma pressão interna no preço da commodity. “No ano passado, as exportações de café bateram recordes. Essa redução registrada em 2022 pressiona ainda mais os preços internos, tendo em vista que os estoques são privados e, por consequência, mais suscetíveis a volatilidade do mercado especulativo”, esclarece Pereira.
Com isso, o café apresentou a maior inflação desde 2002, apontada no Índice de Preço dos Supermercados (IPS/FIPE). Em maio, o preço do café registrou uma inflação de 1,86%, acumulando um aumento de 14,55% de janeiro a maio se comparado ao mesmo período de 2021. Nos últimos 12 meses, o café registrou uma elevação de 80,80%.