O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS em parceria com a FIPE, registrou estabilidade em outubro de 2025, com variação de 0,03%, conforme relatório elaborado pela nossa área de Inteligência Setorial .
O resultado contrasta com a alta de 0,88% observada no mesmo mês de 2024 e reforça um contexto de controle inflacionário no varejo alimentar paulista. No acumulado do ano, o índice soma alta de 2,25%, enquanto em 12 meses chega a 4,76%.
Movimento dos preços: alta pontual nos in natura e queda em categorias industriais
A categoria de Alimentação e Bebidas apresentou leve elevação de 0,12% no mês, revertendo a deflação registrada anteriormente. Esse aumento foi impulsionado principalmente pelos produtos in natura, que avançaram 4,18% em outubro em função de fatores sazonais e climáticos típicos do início do período mais quente do ano. Tubérculos tiveram alta de 9,88%, legumes de 2,50% e frutas de 3,97%, mostrando recomposição de preços após meses de recuos intensos.
Ao mesmo tempo, vários grupos atuaram como força de compensação. Os produtos industrializados registraram queda de 0,44%, acompanhados pelos semielaborados, com retração de 0,40%, pelas bebidas não alcoólicas, que recuaram 0,55%, e pelos artigos de limpeza e de higiene e beleza, ambos com reduções de preços. O comportamento combinado desses segmentos foi determinante para manter o índice geral praticamente estável.
Cenário econômico e perspectivas
O relatório também aponta que a valorização do real ao longo de 2025, variando de R$ 6,18 para R$ 5,37 por dólar, ajudou a reduzir custos dolarizados, especialmente em categorias com maior dependência de importação. Ao mesmo tempo, o mercado global continua influenciando o setor, sobretudo nas proteínas. Em outubro, as exportações de carne bovina atingiram US$ 1,77 bilhão, valor 41% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior, reforçando o impacto do cenário internacional sobre o abastecimento interno.
Nos produtos semielaborados, a queda observada reflete principalmente o recuo nos preços dos cereais, que diminuíram 2,60%, e do leite, com retração de 1,55%, ainda que as carnes bovinas tenham registrado alta de 0,35%. Já nos industrializados, o mês foi marcado pela correção de preços em itens que vinham pressionando o índice, como derivados do leite, cafés e achocolatados.
O grupo de in natura interrompeu o ciclo de deflações iniciado meses atrás. O tomate registrou aumento de 14,90%, o chuchu avançou 13,20% e a batata subiu 17,35%. Mesmo com esses avanços, muitos desses produtos ainda acumulam quedas significativas no ano, mostrando que a recomposição de preços ocorreu sobre uma base já bastante reduzida.
As bebidas não alcoólicas apresentaram retração influenciada pela queda nos preços de refrigerantes, isotônicos e sucos, enquanto as bebidas alcoólicas mostraram alta moderada, impulsionadas pela preparação do varejo para o verão e as festas de fim de ano. Os artigos de limpeza e higiene e beleza também registraram queda, acompanhando a normalização dos custos e a competitividade do setor.
Para o final de 2025, a APAS projeta um crescimento real de 3,7% nas vendas de Natal. Esse desempenho deve ser sustentado pelo aumento da renda real, que em setembro ficou 3,4% acima do registrado no ano anterior; pela taxa de desemprego de 5,6%, a menor da série histórica; e pela expectativa de inflação inferior a 1% na cesta de Natal, o menor patamar desde 2017.
O IPS-APAS acompanha mensalmente a variação de preços de 225 itens distribuídos em seis grandes categorias, oferecendo ao setor supermercadista um instrumento essencial para análise de tendências, planejamento e formação de preços. Seguimos comprometidos em produzir estudos que fortaleçam a tomada de decisão dos nossos associados e contribuam para um ambiente de abastecimento mais eficiente e previsível.
