O amor pelo setor supermercadista. Este é um sentimento que une Shirlei Castanha e Cristiane Meireles Raya, duas das lideranças femininas da Associação Paulista de Supermercados (APAS). Em homenagem ao Dia das Mulheres, comemorado nesta terça-feira (8), as empresárias refletem sobre o papel das mulheres no setor, celebrando as conquistas e analisando os pontos que ainda precisam ser avançados.
Shirlei Castanha, diretora do Supermercado Castanha e vice-presidente da APAS, cresceu no setor. Filha de supermercadista, trabalha há 35 anos no varejo alimentar e foi uma pioneira na instituição. “Fui convidada pela APAS há dez anos para ser diretora da Distrital São Paulo e, depois, compor a diretoria executiva. Por anos, fui a única mulher do grupo. Sempre fui muito acolhida pela instituição, que se preocupa em trazer mais mulheres, mas ainda existem barreiras que precisam ser quebradas no setor”, afirma.
Para Shirlei, as mulheres sempre estiveram presentes no setor supermercadista. “Quando a família precisa de alguém de confiança para cuidar do setor financeiro, do RH ou do setor jurídico, chama a mulher. Se você reparar, até supermercados liderados por homens têm sempre uma mulher forte nestes setores”, explica.
A vice-presidente acredita que a sociedade, como um todo, ainda precisa dar mais oportunidades para as mulheres participarem de posições de liderança no mercado de trabalho, mas a falta de tempo e de estrutura é um fator que impede muitas mulheres de serem mais atuantes. “Para que eu possa estar aqui, como vice-presidente e diretora do meu supermercado, eu preciso de uma rede de apoio que me ajude, que cuide da minha casa, que cuide da minha família. Isso custa dinheiro. O homem é empresário, a mulher é 50% empresária e 50% milhares de outras coisas”, ressalta.
A diretora da Regional APAS de Guarulhos e do Hortifruti Fartura, Cristiane Meireles Raya, se acostumou a trabalhar em setores com predominância masculina: já trabalhou no ramo do açougue, da construção civil e no setor supermercadista. “Eu comecei a trabalhar muito nova no açougue da minha família”, lembra. Estimulada pelo seu pai, decidiu abrir um supermercado com o marido e hoje procura oferecer oportunidade para mulheres em diferentes setores da loja. “No açougue, por exemplo, sempre costuma ter mais homens. Mas nos meus dois supermercados, contratei mulheres para atuarem no açougue. As mulheres podem fazer o que elas quiserem”, afirma.
Para ela, as mulheres do varejo costumam ter um olhar cuidadoso com a loja, os funcionários e os clientes. “A partir do momento que a mulher pisa no supermercado, seja para visitar o marido ou ajudar a família, ela acaba ficando e nunca mais sai”, brinca. Foi exatamente isso que viu acontecer na própria família. Cristiane conta que um dia sua mãe foi levar o almoço para o marido, mas ele tinha que resolver algumas pendências e pediu que ela ficasse cuidando do açougue por algumas horas. “Quando meu pai voltou, estava tudo limpo, organizado. No momento que ele viu aquilo, disse que a partir daquele dia ela iria trabalhar com ele”.
A supermercadista acredita que o futuro do varejo é promissor para as mulheres. “As novas gerações chegam mais capacitadas e com uma visão mais leve sobre muitas questões. Eu amo o setor supermercadista e acho que cada vez mais as mulheres precisam inspirar as outras a assumirem cargos de liderança”, conclui.