O setor supermercadista utiliza principalmente os fluidos refrigerantes R22 e R40A, produtos químicos usados em sistemas de refrigeração e climatização que estão ficando mais caros no mercado brasileiro. São diversos os fatores que estão pressionando o valor destes produtos: o frete marítimo internacional nos últimos 15 meses subiu mais de 500%; a escassez de matérias-primas enfrentada pela China; o aumento do dólar; o aumento da demanda com a retomada de diversos setores que ficaram parados durante a pandemia do covid-19, além da redução das importações em 2020, que obrigaram as distribuidoras usarem estoques locais, que estão abaixo do normal.
De acordo com Paulo Neulaender, diretor de comunicação e marketing da Associação Brasileira de Refrigeração, Ar Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava), a expectativa é que não haja uma queda significativa nos próximos meses. “Na prática, o que vem acontecendo são os aumentos dos insumos para manutenção, isto pode ocasionar um custo maior na manutenção de refrigeração no supermercado. Além disso, o supermercadista vem sofrendo com o custo de energia, no qual a área de refrigeração de uma loja é responsável por cerca de 60% a 70% desse custo. Provavelmente, em algum momento, o supermercadista vai ter que colocar isto na ponta do lápis”, afirmou.
O consultor de Sustentabilidade da Associação Paulista de Supermercados, Thiago Pietrobon, explica que os cortes para a eliminação dos HFCs nos Estados Unidos começam em 2022, seguindo as orientações do Protocolo de Montreal, o que também pressionou os preços destes compostos. “Houve aumento de demanda pelos gases e embalagens para estocagem, reduzindo ainda mais a disponibilidade para o nosso mercado”, disse. Segundo o concultor, a partir de janeiro a demanda americana deve cair, o que ajudará a normalizar os preços.
Enquanto isso, a melhor estratégia para economizar é a manutenção preventiva. “Fazer a verificação de pontos de vazamento (toda conexão e válvula são os pontos mais frágeis) e corrigi-los. Realizar a limpeza dos condensadores e evitar congelamento nas evaporadoras, para não haver elevação de pressão no sistema. Verificar pontos de vibração nas tubulações, que poderiam provocar vazamentos. Havendo necessidade de compra de gás, consulte as centrais de regeneração que podem oferecer este serviço de recuperação do gás. O importante agora é passarmos este período de incerteza e elevação dos preços, para reduzir o impacto financeiro na operação”, aconselha Pietrobon.