Alta acumulada no primeiro trimestre é a menor dos últimos 5 anos
O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) em parceria com a Fipe, encerrou o mês de março de 2023 com variação de apenas 0,09%. Em relação ao mês de fevereiro (0,22%) e ao mesmo período do ano passado (2,64%), o resultado de março apresentou substancial redução, consolidando a tendência de desaceleração do indicador, conforme ilustra o gráfico a abaixo.
Com o resultado de março, o primeiro trimestre de 2023 encerrou com inflação acumulada de 0,76%, menor patamar para os três meses do ano desde 2018, quando o índice registrou deflação de 0,51%. No acumulado em 12 meses, a inflação de março somou 11,37%, quase 3 pontos percentuais abaixo do registrado em fevereiro (14,21%). Em relação à inflação acumulada no encerramento de 2022 (16,5%), o índice já desacelerou mais de 5 pontos percentuais (p.p.)
A desaceleração do indicador em março decorreu, sobretudo, da redução de preços da carne bovina e de seus derivados e dos produtos industrializados, juntamente com a estabilidade dos preços de bebidas não alcoólicas e de artigos de limpeza.
Esse resultado converge com o cenário projetado pela APAS para o ano de 2023. Conforme projeções elaboradas pela instituição no início do ano, a expectativa da APAS é que o índice de preços do setor supermercadista mantenha a tendência de desaceleração nos próximos meses e, caso não haja nenhuma mudança abrupta nos cenários doméstico e internacional, encerre o ano em 6,4%.
Com a menor pressão inflacionária e o baixo ritmo de atividade econômica, a APAS acredita que há espaço para a redução da taxa básica de juros sem o comprometimento dos fundamentos econômicos e da meta de inflação determinada para o ano corrente.
Semielaborados
A categoria produtos semielaborados apresentou redução de 0,71% nos preços em março. A queda no preço da categoria decorreu, principalmente, da redução de 1,92% no preço da carne bovina.
A redução no preço da carne bovina em março refletiu, em grande medida, do embargo temporário das exportações brasileiras, sobretudo à China e à Rússia, após a confirmação de um caso de “mal da vaca louca” (encefalopatia espongiforme bovina – EEB) no Pará.
A redução do preço da carne bovina é resultado não apenas do embargo temporário das exportações brasileiras, uma vez que (i) a melhora da condição dos pastos das regiões Sudeste e Centro-Oeste com as chuvas abundantes do início do ano, (ii) a redução do preço da ração bovina, após forte alta entre o segundo e o terceiro trimestre de 2022, e (iii) a diminuição da participação da ração na composição da dieta bovina também contribuíram para a redução dos custos da pecuária bovina de corte.
Seguindo a mesma tendência da carne bovina, o preço das aves ao consumidor final paulista também apresentou deflação em março de 2023 (-0,92%), resultado da queda de 0,94% no preço do frango e -0,36% no preço do peru.
Em sentido oposto, a carne suína e os pescados apresentaram alta respectiva de 1,31% e 1,60% em março, impedindo que o subgrupo de proteína animal apresentasse deflação ainda maior no período. O aumento do preço da carne suína decorreu, principalmente do crescimento das exportações no mês. Em março de 2023, o país exportou 95,3 mil toneladas de carne suína “in natura”, com receita de US$ 231,765 milhões à balança comercial do país. Em relação ao mesmo período do ano anterior, o volume exportado cresceu mais de 12%, enquanto a receita saltou 27,2%.
As demais subcategorias que compõem o grupo de produtos in natura também apresentaram melhora no período. O preço do leite seguiu o comportamento da carne bovina e deflacionou 0,65% em março, enquanto os cereais desaceleraram 1,66%, em fevereiro, para 0,55%, em março.
Industrializados
A categoria de produtos industrializados deflacionou 0,33% em março, impulsionado pela redução de preços das subcategorias: óleos (-1,39%); café, achocolatados em pós e chás
(-1,14%); derivados de carne (-0,99%); doces (-0,66%); adoçantes (-0,42%); derivados de leite (-0,38%) e; panificados (-0,20%). Considerando o peso de cada produto que compõe a categoria de produtos industrializados, as quedas que tiveram maior impacto na cesta de consumo das famílias paulistas foram: óleo de soja (-2,60%), café em pó (-2,24%) e queijo muçarela (-2,06%).
Por outro lado, as subcategorias de biscoitos e salgadinhos, enlatados e conservas e massas, farinhas e féculas impediram uma queda mais significativa da categoria, ao registrarem alta de 0,93%, 0,78% e 0,25%, respectivamente.
Produtos In natura
Os produtos in natura, após deflação nos dois primeiros meses do ano, registraram alta de 3,60% em março, influenciada pelo aumento dos preços dos legumes (10,43%), das frutas (4,47%) e dos ovos (10,65%). Em sentido oposto, os tubérculos mantiveram pelo terceiro mês consecutivo redução nos preços.
Em março, a subcategoria de tubérculos recuou 7,82%, impulsionado pela queda de 12,24% no preço da batata e 7,03% no preço da cebola.
Dentre as frutas, as maiores altas foram do limão (17,7%), fruta de época (13,19%) e mamão (10,54%); já as maiores quedas foram do maracujá (-17,33%) e da maçã (-6,39%).
Já a subcategoria de legumes, em decorrência, principalmente, das entressafras, apresentou variação mais abrupta de preços, passando de -3,92%, em fevereiro, para 10,43%, em março. Ademais, a subcategoria apresentou expressiva dispersão na variação de preços, desde -18,87% (chuchu) até 49,85% (cenoura).
É importante salientar que, apesar da alta ocorrida em março, a categoria de produtos in natura acumula alta de 5,14% nos últimos 12 meses. Em comparação com o encerramento do último ano, a categoria desacelerou substantivamente, aproximadamente 23 pontos percentuais (p.p.).
Bebidas
A subcategoria de bebidas não alcoólicas ficou estável em março, enquanto as bebidas alcoólicas variaram 0,58%, impulsionado pelo aumento de preço das cervejas (0,50%).
Limpeza, higiene e beleza
O preço da categoria de produtos de limpeza ficou estável em março, com ligeira variação de 0,03%. Porém, dentro da categoria, o destaque foi sabão em pó, que registrou queda de 1,55%, primeira redução de preços desde fevereiro de 2021.
Já os artigos de higiene e beleza aumentaram 0,31% no mês. Entre os itens de maior peso dentro da categoria, o sabonete foi o que mais contribuiu com a alta, ao variar 1,86%. Por outro lado, apenas três itens da categoria deflacionaram no período: fralda descartável (-3,80%), filtro de papel (-0,89%) e creme dental (-0,46%).