No Brasil, cerca de 2,2 mil municípios possuem aterros sanitários e muitos deles já dão sinais de saturação, como é o caso da cidade de São Paulo. De acordo com dados da Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb), em menos de 10 anos, a maior cidade do país não terá para onde enviar seu lixo.
Preocupada e atenta aos problemas ambientais, a Coop está fazendo a sua parte e tornou-se a primeira rede do varejo brasileiro a implantar em sua loja equipamento capaz de transformar resíduos alimentares em água residual para descarte no sistema de esgoto sem qualquer prejuízo ao meio ambiente. Esta ação é uma das várias iniciativas que compõem a plataforma de sustentabilidade Coop Faz Bem.
Instalado na loja Joaquim Nabuco, no centro de São Bernardo do Campo para ser estudada a viabilização de implantação em outras lojas da Coop, o equipamento possui tecnologia importada do Canadá e segundo Adalberto Correia dos Santos Júnior, coordenador do Sesmtma (Sistema Especializado em Segurança, Medicina do Trabalho e Meio Ambiente), o biodigestor chamado Orca lança mão de um processo de digestão aeróbica para decompor os alimentos.
A água resultante do processo flui diretamente pelo encanamento, reduzindo os resíduos orgânicos coletados e transportados diariamente para o aterro sanitário, gerando não apenas redução de custo para a unidade, mas uma série de outros benefícios ao meio ambiente e à comunidade. “O uso da tecnologia é parte de um projeto de melhoria no gerenciamento de resíduos que vem sendo implantado nas lojas da Cooperativa desde o ano passado e que já apresenta resultados pra lá de expressivos”, declara Santos Júnior.
Desde o último mês de julho, 150 toneladas mensais de resíduos orgânicos estão deixando de ser enviados para aterro, número monitorado em apenas 14 unidades, onde a coleta é feita por empresa particular. Nesse mesmo período, o volume de doação ao Banco de Alimentos e ao Mesa Brasil aumentou para mais de 100 toneladas mensais, com a melhoria no processo de gestão de resíduos das unidades. Soma-se a esse efeito dominó o crescimento da reciclagem de resíduos sólidos, com marca mensal de 230 mil quilos, para se ter uma ideia dos ganhos gerados pelo projeto, que traz como elemento chave a sensibilização das equipes para a formação de uma cultura socioambiental na gestão de resíduos.
“O trabalho está baseado na reciclagem, doação e destinação correta”, explica o técnico de segurança do trabalho Leonardo Pimenta, integrante da equipe do Sesmtma e um dos responsáveis pelos projetos de gestão de resíduos. Na prática, significa um olhar mais atento e consciente à tarefa de separação dos materiais. O projeto, que já está em fase de conclusão em 17 lojas, três a mais do previsto inicialmente, se estenderá para as demais unidades em 2021. “É um caminho sem volta”, destaca.
A Orca traz uma conjunto de benefícios que vão além da redução de custos, como melhoria no fluxo de trabalho (o equipamento dispensa o carregamento dos resíduos aos coletores da loja e, por tabela, diminui o risco de acidentes); prevenção de pragas (a eliminação de resíduos na fonte evita sua decomposição no local, reduzindo os odores e a presença de pragas); redução das emissões de CO2 (com menos resíduos depositados em aterros sanitários, os caminhões de lixo são mantidos fora das estradas, evitando assim emissões de gases de efeito estufa e congestionamentos); redução de descarte de plásticos (menos resíduo orgânico descartado, menor o número de sacos plásticos usados para acondicionar) e natureza beneficiada (a produção de gás metano que ocorre no aterro é interrompida).