Mais da metade da inflação ao consumidor registrada no último ano veio do gasto com alimentos nos supermercados, e foi sentida especialmente pela população de menor poder aquisitivo, que desembolsa uma fatia maior da renda com comida.
Entre abril de 2007 e março deste ano, o IPC-S (Índice de Preços ao Consumidor Semanal) da FGV (Fundação Getúlio Vargas), um dos termômetros da inflação em sete capitais brasileiras, aumentou 4,22%. A alimentação contribuiu com 2,4 pontos percentuais para a alta do índice, com elevação de 8,8% nos preços dos produtos alimentícios. O campeão de alta foi o feijão carioquinha, cujo preço aumentou 69,8% em doze meses, seguido pelo óleo de soja (57,1%), carne bovina (21,9%), farinha de trigo (21,2%) e laticínios (15,12%).
Preocupados com o avanço dos preços do trigo, que subiram 120% em dólar na Bolsa de Chicago nos últimos doze meses, e o corte nas exportações argentinas para o Brasil, a cadeia produtiva do setor anunciará amanhã os pleitos que irá encaminhar ao governo para atenuar as altas nos preços da farinha, das massas, dos pães e biscoitos.
Para o diretor da RC Consultores, Fábio Silveira, a disparada dos preços dos alimentos impulsionou os índices de inflação no início deste ano, e deve continuar pressionando os indicadores de preços no varejo até junho – reflexo do aumento dos preços das commodities. Mas diversos preços já estão em queda nos mercados futuros. De fevereiro para abril, por exemplo, o açúcar e a soja recuaram 8% em dólar no mercado internacional. O café ficou 14% mais barato, o farelo de soja teve queda de 7% e a cotação do óleo de soja diminuiu 5%. O recuo dessas commodities deve ter reflexos na inflação ao consumidor a partir do segundo semestre.