O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE apresentou em junho alta mensal de 0,98%. Em 12 meses o aumento nos preços dos supermercados atinge 7,78% e no acumulado de janeiro a junho a elevação é de 5,24%. A título de comparação, a inflação em 12 meses em junho de 2014 foi de 6,23% (contra 7,78% neste mês), do mesmo modo, a variação mensal em junho de 2014 foi de -0,09% (contra 0,98% neste mês), ou seja, uma aceleração da inflação para o mês de junho. Deste modo, observamos que a inflação se manteve elevada e persistente ao longo de 2014 e manteve o mesmo comportamento no primeiro semestre de 2015.
Por mais um mês a inflação reflete à pressão sobre os custos de produção, como a elevação da energia elétrica, por exemplo, que ainda pressiona os custos, principalmente, dos produtos industrializados. Aliado a isto, a estiagem em algumas regiões do país tem gerado uma menor disponibilidade interna de alguns produtos, diante da redução de oferta. Outro fator importante, é a variação do dólar ao longo dos últimos 12 meses, que tem impactado de maneira expressiva os preços de alguns produtos que são importados ou que dependam de insumos importados para sua produção. Deste modo, as maiores altas foram verificadas nos produtos Industrializados, nas Carnes Suínas, Leite, Artigos de Limpeza e Artigos de Higiene e Beleza.
Os preços dos produtos industrializados apresentaram alta em junho, com variação de 1,30%. A variação esteve relacionada à elevação nos preços de Derivados do Leite (1,93%), Derivados de Carne (1,94%) e Panificados (1,84%). Em relação aos derivados do leite, a alta nos preços reflete a tendência de crescimento já verificada no preço do leite, diante do período de entressafra. Em relação aos Derivados de Carne a elevação se dá diante da elevação dos preços das carnes de modo geral, bem como, do aumento do custo de produção por parte da indústria de alimentos, diante da elevação nos preços da energia elétrica, que é um insumo expressivo para a produção. No caso dos panificados, a alta do custo da energia elétrica continua impactando no custo de produção, pressionando os preços para cima, aliado a isto, a alta do dólar impacta a cotação do trigo, e tem impactado nos preços dos panificados e massas em geral. Em 12 meses o crescimento nos preços dos produtos industrializados foi de 4,67%, e no acumulado de janeiro a junho a alta é de 3,60%.
Os preços dos Produtos Semielaborados (Carnes, Leite e Cereais) tiveram alta de 1,15% em junho, impactada, principalmente, pela elevação nos preços das carnes suínas (1,69%) e a alta do preço do Leite (5,11%). No caso da carne suína, as cotações dos suínos apresentam elevação diante do aumento na demanda, diante das altas nos últimos meses da carne bovina, que levou o consumidor a demandar mais carnes suínas e aves, e aliado a isto, a abertura do mercado externo, diminui a disponibilidade interna de produto, impactando diretamente nos preços das carnes no mercado interno. No acumulado do ano há alta nos preços das carnes suínas foi de 9,04%, porém em 12 meses houve queda de -5,53%. Em relação ao leite, o aumento nos preços está atrelada a entressafra diante do clima desfavorável com temperaturas mais baixas que afetam a produção do leite, principalmente, na região Sul do país. No acumulado do ano há alta de 2,41%, e em 12 meses a alta é de 8,21%.
Os preços das bebidas alcoólicas apresentaram ligeira alta em junho, com variação de (0,14%), reflexo da elevação do preço do vinho (2,09%). Em 12 meses a subida nos preços foi de 11,21%, e no acumulado de janeiro a junho a alta nos preços é de 1,72%. As bebidas não alcoólicas registram elevação de 0,95%, diante da elevação, principalmente, nos preços de refrigerante (0,41%). Em 12 meses a alta nos preços foi de 8,43%, e no acumulado de janeiro a junho o crescimento foi de 4,72%.
Os preços dos produtos de limpeza apresentaram alta de 1,41%, diante da elevação nos preços do sabão em pó (3,70%) e do sabão em barra (0,61%). Em 12 meses, o crescimento nos preços dos produtos de limpeza foi de 7,10%, e no acumulado de janeiro a junho a alta é de 4,72%. Os artigos de higiene e beleza apontaram alta de 1,25% impactados pela elevação nos preços do creme dental (1,84%) e desodorante (2,12%). Em 12 meses, a subida nos preços dos artigos de higiene e beleza foi de 7,09%, e no acumulado de janeiro a junho a alta nos preços é de 4,74%.
Em junho foi registado queda de modo geral nos preços dos Produtos In Natura com retração de -1,06% nos preços, com maior expressividade em Legumes (-12,39%) e Verduras (-5,56%). As frutas registraram alta de 0,13% e os tubérculos tiveram elevação de 9,63%. Os itens que apresentaram maiores quedas foram Laranja (-9,76%), Banana (-1,46%), Tomate (-26,47) e Cenoura (-7,77%). Em todos os casos, os ajustes na oferta do produto tem garantido a disponibilidade do produto frente a procura dos consumidores. Em 12 meses a alta nos preços foram de 20,82% e no acumulado de janeiro a junho o aumento nos preços dos Produtos In Natura foi de 17,29%.
Em junho, as variações negativas estiveram presentes em cerca de 32,91% dos itens, de acordo com o índice de difusão (proporção das variações de preços negativas), ficando abaixo da média, que é de 42,65%.
Na avaliação desde a criação do Plano Real, em 1994, o IPS/APAS apresenta variação acumulada de 180,81%, o IPCA/IBGE (São Paulo) – Alimentos e Bebidas apresenta alta de, aproximadamente 371,80%, já o IPCA/IBGE (Brasil) – Alimentos e Bebidas tem alta de 389,22%, o IPC-FIPE tem aumento de 300,19% e o IPA/FGV tem variação de 539,81%.
A diferença é de quase 200 pontos percentuais, entre o IPS e o IPCA de alimentos e bebidas em São Paulo, indicando a diferença a menor do IPS frente aos outros índices. Assim, a evolução dos preços ao longo dos anos, aponta uma elevação mais moderada no setor supermercadista, diante de sua característica de concorrência, onde os ganhos de eficiência e produtividade aliados as constantes negociações junto à indústria, possibilitam preços mais competitivos para serem ofertas aos consumidores. A partir disso, podemos verificar o papel do setor supermercadista na busca pela manutenção dos preços em patamares estáveis, contribuindo para segurar a inflação no Brasil. Porém, vale ressaltar que este esforço na manutenção dos preços impacta negativamente as margens, que já são reduzidas, pois os custos e despesas do setor supermercadista vêm sendo constantemente impactados pela inflação elevada.
