O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE, apresentou alta de 1,95% em março. A título de comparação com o mesmo período de 2013, os preços naquele mês apresentaram alta de 0,60%. Trata-se da maior variação para o mês de março verificado em toda a série histórica, iniciada em 1994. Na comparação mensal, os preços não apresentavam uma alta tão expressiva desde setembro de 2012, quando houve elevação mensal de 2,01% nos preços. No acumulado de janeiro a março (primeiro trimestre) de 2014, a alta do IPS foi de 2,55%. Já no acumulado dos últimos 12 meses, a alta atinge 3,39%.
De modo geral, o comportamento dos preços dos produtos in natura foi reflexo dos impactos no cultivo e colheita em diversas culturas, por problemas climáticos ao longo dos últimos meses, que também impactaram nos produtos industrializados, como por exemplo, óleos em geral e derivados da carne. O período de estiagem mais prolongado em algumas regiões afetou a oferta de diversos produtos agrícolas. Assim, de acordo com os dados do IPS de março, o indicador em 12 meses demonstra certa estabilidade, mas o ponto de atenção está nas elevações expressivas ocorridas nos meses de fevereiro e março, principalmente nos produtos in natura e na resistência da inflação em 12 meses dos produtos industrializados.
Os preços dos semielaborados (carnes, cereais e leite) apresentaram alta de 2,36% em março, impactados diretamente pela alta no preço da categoria leite (6,00%), diante da elevação no preço do Leite Longa Vida (6,04%), causada pela redução na oferta de leite em decorrência de pastos prejudicados pela estiagem prolongada, que, por consequência, afetou a produção do leite ao longo do mês de março. Aliado a isto, a categoria de cereais (alta de 4,02%) também contribuiu para uma pressão na alta dos preços, diante da elevação no preço do feijão (11,62%), decorrente da escassez do produto diante da estiagem prolongada. Tradicionalmente, os meses de março e abril apresentam este aumento, entretanto, no período entre julho e agosto começa a retroagir.
Os preços dos produtos industrializados apresentaram certa estabilidade em março, registrando variação de 0,03%. A contribuição positiva esteve relacionada à elevação nas categorias de óleos (1,22%) e massas (0,89%). Já a categoria que contribuiu para manter os produtos industrializados com preços mais estáveis em março foi os derivados da carne (-0,28%).
Os preços dos produtos hortifrutigranjeiros (Produtos In Natura) registraram alta de 11,06%. Os legumes e verduras contribuíram positivamente para a elevação desta categoria, respectivamente, com altas de 30,17% e 18,32%. Os itens com maior variação foram: tomate (86,54%), alface (18,35%), couve (23,06%) e repolho (26,14%). Os tubérculos tiveram alta de 21,11%, com destaque para a elevação dos preços da batata (57,43%). Já as frutas apresentaram variação negativa de -3,51%, impactadas pelas reduções nos preços de limão (-10,12%), maçã (-6,64%) e mamão (-8,34%).
Diante da retração no preço da cerveja (-1,10%), os preços das bebidas alcoólicas apresentaram queda de 1%. Em 12 meses, a alta nos preços é de 5,49% e, no acumulado do ano (janeiro a março), a elevação é de 0,01%. As bebidas não alcoólicas registram alta de 1,54%, diante da alta, principalmente, dos preços de refrigerantes (1,69%). Em 12 meses, a alta nos preços é de 7,02% e, no acumulado do ano (janeiro a março), a elevação é de 3,02%.
Os preços dos produtos de limpeza apresentaram alta de 3,13%, impactados pela elevação do preço do sabão em pó (5,40%) e sabão em barra (1,35%). Os artigos de higiene e beleza apontaram alta de 0,88%, impactados pela elevação nos preços do sabonete (1,22%) e creme dental (2,37%). Em 12 meses, a elevação nos produtos de limpeza e artigos de higiene e beleza, respectivamente, foram de 7,73% e 1,19%. No acumulado de janeiro e março, houve alta nos preços dos produtos de limpeza (4,13%) e dos artigos de higiene e beleza (1,25%).
Desde a criação do Plano Real, em 1994, o IPS/APAS apresenta variação acumulada de 154,33%, o IPCA/IBGE (São Paulo) – Alimentos e Bebidas apresenta alta aproximada de 317,37%, o IPCA/IBGE (Brasil) – Alimentos e Bebidas tem alta de 330,76%, o IPC-FIPE tem aumento de 267,33%, enquanto que o IPA/FGV apresenta variação de 524,86%. Desta forma, a evolução dos preços ao longo dos anos aponta uma elevação mais moderada no setor supermercadista, diante de sua característica de concorrência, no qual os ganhos de eficiência e produtividade, aliados as constantes negociações junto à indústria, possibilitam preços mais competitivos.
Nota Metodológica
O Índice de Preços dos Supermercados tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em 6 categorias: i) Semielaborados (Carnes Bovinas, Carnes Suínas, Aves, Pescados, Leite, Cereais); ii) Industrializados (Derivados do Leite, Derivados da Carne, Panificados, Café, Achocolatado em Pó e Chás, Adoçantes, Doces, Biscoitos e Salgadinhos, Óleos, Massas, Farinha e Féculas, Condimentos e Sopa, Enlatados e Conservas, Alimentos prontos,); iii) Produto In Natura (Frutas, Legumes, Tubérculos, Ovos, Verduras); iv) Bebidas (Bebidas Alcoólicas, Bebidas Não Alcoólicas); v) Artigos de Limpeza; vi) Artigos de Higiene e Beleza. Assim, o IPS se apresenta como instrumento útil aos empresários do setor na tomada de decisões com relação a preços e custos dos mais diversos produtos. No que diz respeito à indústria, de maneira análoga, possibilita a tomada de decisão com relação a preços e custos dos produtos destinados aos supermercados. Ao mercado e aos consumidores é útil para a análise da variação de preços ao longo do tempo possibilitando o acompanhamento da evolução dos custos ao consumidor do setor supermercadista.
