A APAS reiterou o pedido ao governo de São Paulo de redução de ICMS para as sacolas reutilizáveis por um período e solicitou a inclusão deste benefício para os sacos de lixo produzidos com material reciclado. A medida é um estímulo para a adoção da prática de substituição das sacolas descartáveis nos supermercados, em vigor a partir desta quarta-feira (4 de abril) em todo o Estado de São Paulo.
“Queremos fomentar o desenvolvimento dos fabricantes de sacolas reutilizáveis brasileiros, além de incentivar o descarte correto dos resíduos”, explicou o presidente da Associação Paulista de Supermercados (APAS) João Galassi. A novidade foi anunciada em coletiva de imprensa na sede da APAS, em São Paulo, e agora será analisada pelo governo.
Histórico da campanha mostra apoio da população
A campanha da APAS em substituição das sacolas reutilizáveis ganhou as “ruas” no dia 25 de janeiro passado após ter recebido o apoio formal do governador Geraldo Alckmin, do prefeito Gilberto Kassab e de mais 150 prefeituras do interior paulista. Segundo monitoramento realizado pela APAS, no dia 25 de janeiro o clima foi de tranquilidade nos supermercados, sendo que a maioria dos consumidores levou sua própria sacola e outros meios sustentáveis para acondicionar as compras. O termômetro da campanha foi o levantamento divulgado pelo Instituto Datafolha: 57% dos 1.900 paulistanos entrevistados entre os dias 26 e 27 de janeiro aprovaram a substituição das sacolas descartáveis por reutilizáveis.
Os resultados positivos, segundo a avaliação da APAS depois de obter 77% de aprovação em Jundiaí, foram alcançados devido às ações promovidas que incluem campanha publicitária na mídia, ampla cobertura da imprensa, promoção de intervenções urbanas, participação em debates, orientação aos supermercadistas e treinamento das equipes de funcionários, além da ampla campanha de conscientização feita pelo governo do Estado.
Prazo de adaptação
Dúvidas de consumidores em relação à adaptação aos novos hábitos levaram à assinatura de um acordo entre Ministério Público, Procon-SP e APAS na semana seguinte ao lançamento da campanha, no dia 3 de fevereiro. Com este acordo, a população ganhou um prazo maior para se adequar a mudança: foram 60 dias para a desagregação do hábito de transportar as mercadorias em sacolas descartáveis.
Durante essa fase de transição, os supermercados ofereceram alternativas gratuitas para o transporte das compras, incluindo as caixas de papelão e sacolinhas. A redução de sacolas alcançou 72% em relação a igual período do ano passado. Para o diretor de Sustentabilidade da APAS João Sanzovo, o objetivo da campanha da APAS sempre foi estimular os hábitos sustentáveis em benefício do meio ambiente e promover a conscientização dos consumidores para o fim da cultura do descarte. “Cada alteração nas etapas da campanha teve o foco na sustentabilidade e no respeito ao consumidor.”
PNRS
Com a campanha, o setor de supermercados está se antecipando à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), que entrará em vigor em 2014. A lei exige que a empresa seja a responsável por destinar corretamente o resíduo no meio ambiente. Esta iniciativa também se equipara ao que vem sendo feito em vários países, nos cinco continentes.
Nos Estados Unidos, algumas cidades tomaram medidas para impedir a proliferação das sacolas. A primeira a deixar de usá-las foi San Francisco, em 2007. Na Suíça, alguns supermercadistas tomaram a decisão de banir as sacolinhas por conta própria, mas não há lei que proíbe a distribuição das sacolas descartáveis.
Na Itália, França, Portugal e Espanha, quem quiser sacos descartáveis tem de pagar por eles. Para desestimular o uso, Alemanha, Dinamarca, Irlanda, África do Sul, China e parte da Austrália proíbem a distribuição gratuita de sacolas. Bangladesh proibiu as sacolas em 2002, após diagnosticar que o entupimento de bueiros por plástico foi o fator responsável pela grande inundação de 1998 no país.

O presidente da APAS João Galassi e o promotor do Meio Ambiente da capital José Eduardo Ismael Lutti, em entrevista coletiva nesta terça-feira
