Após 30 dias da campanha que incentiva os consumidores a usarem sacolas retornáveis no lugar das descartáveis, a Associação Paulista de Supermercados (APAS) comemora os resultados positivos. Segundo levantamento da entidade, desde o dia 4 de abril, 90% dos supermercadistas paulistas aderiram à causa e deixaram de distribuir ou vender sacolinhas descartáveis ou biocompostáveis. Com isso, foi alcançada uma redução de 90% das sacolas em relação a igual período do ano passado. O presidente da APAS João Galassi apresentou os dados em entrevista coletiva na Feira APAS na manhã desta segunda-feira (7 de maio).
Empresas grandes, médias e pequenas de todo o estado aderiram à campanha. “Trata-se de um movimento global em torno da sustentabilidade e os supermercadistas de São Paulo estão conscientes e unidos em torno dessa questão”, avalia João Galassi.
Apesar de não existir em São Paulo uma lei que proíba os estabelecimentos de distribuírem as sacolas, a campanha segue os termos do acordo firmado entre Ministério Público, Procon-SP e APAS. Entre outras ações, este acordo prevê a obrigação dos supermercados oferecerem uma opção de sacola reutilizável por até R$ 0,59. Como parte da campanha de conscientização, os consumidores ganharam, no dia 15 de março, 5,2 milhões de sacolas reutilizáveis distribuídas pelos supermercados em todo o Estado de São Paulo. A ação será repetida em 2013.
Outra iniciativa concede aos consumidores o direito de trocarem estas sacolas se estiverem danificadas por outra nova até dia 15 de setembro de 2012. Os clientes continuam a ser informados de que os supermercados não mais entregam sacolas, antes mesmo de passarem suas compras pelo caixa. Apesar de não haver mais obrigatoriedade de fornecimento de alternativa gratuita, os supermercadistas continuam oferecendo as caixas de papelão. “Estas ações mostram o empenho dos supermercados em investir em treinamento de sua equipe para que estes profissionais ajudem a disseminar o principal objetivo desta campanha, ou seja, diminuir o desperdício e o descarte desnecessário de sacolas”, afirma João Galassi.
Realidade nacional
O debate definitivamente ganhou repercussão nacional e reforça exemplos já consolidados. Na capital mineira, a prática foi instituída por meio da Lei Municipal nº 9529/2008 e completou um ano em abril. Segundo a AMIS (Associação Mineira de Supermercados), no período, aproximadamente 160 milhões de sacolinhas deixaram de ser jogadas no meio ambiente. O hábito sustentável de levar ecobags para as compras já é corriqueiro: 95% dos consumidores utilizam esta alternativa no transporte de mercadorias, muitas vezes associado às caixas de papelão. Os outros 5% optam por carrinhos ecológicos, mochilas e sacolas biocompostáveis. O uso de sacolas descartáveis está praticamente extinto em Belo Horizonte. A lei, junto com uma campanha educativa, conseguiu baixar o consumo diário de 450 mil sacolinhas para cerca de 13 mil unidades nos supermercados, uma queda de 97%.
No Espírito Santo, desde janeiro de 2012, os supermercados também não entregam mais sacolas que agridem o meio ambiente. A alternativa foi cobrar pela sacola plástica para inibir o consumo. A iniciativa é da Associação Capixaba de Supermercados (Acaps) e da Associação Comunitária do Espírito Santo (Aces) e conta com o apoio do Ministério Público local.
Outro resultado positivo, de acordo com a avaliação da APAS, é São Paulo estar servindo de inspiração para outros estados lançarem suas próprias iniciativas. É o caso do Distrito Federal que aguarda a sanção de um projeto de lei que dará prazo de um ano para os supermercados só distribuírem sacolas biodegradáveis sob pena de ganharem multa ou mesmo a interdição do estabelecimento.
No Ceará, muitos supermercados oferecem as caixas de papelão. A rede Maxxi, do Grupo Walmart, suspendeu a distribuição das sacolas descartáveis no estado. A renda antes usada para comprar as sacolas agora é revertida para o projeto social Bombando Cidadania.
Em Maringá, no Paraná, o Walmart ensina as crianças a mudarem os hábitos da família e dá desconto nas compras para os clientes que usam reutilizáveis. Como resultado, só na cidade 14 milhões de sacolas deixaram de ser lançadas no meio ambiente.
