O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) surpreendeu ontem o mercado, ao elevar a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, para 11,75% ao ano. A expectativa da maioria dos analistas era de uma alta de 0,25 ponto percentual. Foi o primeiro reajuste desde abril de 2005, quando a Selic passou de 19,5% para 19,75% ao ano. Para o Copom, a decisão irá contribuir para a diminuição do risco que se configura para o cenário inflacionário.
A possibilidade de aperto monetário ficou mais forte após o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgar que a inflação de março ficou acima do esperado pelo mercado: a alta dos alimentos em 0,89% fez com que o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) atingisse 0,48% no terceiro mês do ano. Mas especialistas lembraram que esse encarecimento é uma tendência mundial, resultante da valorização das commodities e que, portanto, o incremento da Selic não seria justificável.
A alta da taxa básica de juros frustrou praticamente todos os setores da economia.
A Fecomercio-SP (Federação do Comércio do Estado de São Paulo), por exemplo, espera que o aperto monetário não continue. "Se não for uma decisão isolada, o Brasil estará condenado ao eterno vôo da galinha, sem conseguir manter os índices robustos de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que se verificaram nos dois últimos anos", afirmou Abram Szajman, presidente da entidade.