A brasileira Erika Tamura, moradora de Joso, no Japão, escreveu um artigo sobre a experiência japonesa com a substituição das sacolas descartáveis no país. No Japão, a distribuição gratuita das embalagens é proibida e a população utiliza ecobags e outros meios alternativos nas compras. O artigo foi publicado na Folha da Região, de Araçatuba. Veja aqui a íntegra:
Sacola plástica no Japão
Durante um tempinho atrás, acompanhei toda a polêmica sobre o fim das sacolinhas plásticas convencionais de supermercado no Estado de São Paulo e alguns outros Estados brasileiros.
Não entendia o motivo de tanto falatório. Seria mais simples acatar a decisão e fazer a sua parte na contribuição com o meio ambiente. Está certo que essa medida está longe em resolver o problema de lixo ambiental, mas já é um começo, pois o importante é dar o primeiro passo. Pronto, deu esse passo inicial, e não estamos no mesmo lugar!
Aqui no Japão já faz um tempo que as sacolas são vendidas, e a maioria dos consumidores adotou as sacolas ecológicas numa boa, sem grandes reclamações como dos paulistas. No mercado onde faço compra, o cliente que usa sacola própria, ou seja as sacolas ecologicamente corretas, recebe 2 ienes (R$ 0,044) por estar contribuindo com o meio ambiente. É só pagar a compra e depois passar num outro balcão, mostrar a notinha e a sacola e pronto, o funcionário entrega 2 ienes.
Os japoneses aproveitaram a onda dos eco bag, como são chamados por aqui, para virar o jogo a favor de todos. Os eco bag viraram moda, e a cada dia vemos nas ruas mais e mais modelos fashions para acompanhar as mulheres antenadas e modernas, que além de ter a chance de se ter um acessório da moda, ainda contribuem com o meio ambiente. Aliás, o ecologicamente correto é moda aqui no Japão, mas uma moda que vai além de uma tendência de madames, e sim uma moda de conscientização da humanidade perante o ambiente em que vivemos e temos a obrigação de mantê-lo propício para as gerações futuras.
Mas analisando as reclamações dos paulistas, com o fim da distribuição de sacolinhas plásticas, até que tem algum fundamento, pois ouvi pessoas falando que com o fim da sacola plástica convencional, onde seria jogado o lixo?
É verdade, esqueci-me que no Brasil usa-se muito as sacolinhas de mercado para o lixo, pois aqui no Japão o saco de lixo tem que ser comprado e há sacos específicos para cada tipo de lixo: queimáveis, recicláveis, vidros, plásticos, etc… Tudo devidamente no seu lugar.
Mas, no caso do Brasil, parece que querem consertar o país com o bonde andando, no meio do caminho. Afinal, seria necessária uma educação para a conscientização da população sim, mas o governo também tem que fazer a parte dele com a coleta seletiva do lixo e um trabalho de estruturação que vai além das sacolinhas plásticas, pois de nada adiante retirar sacolas plásticas do meio ambiente se o isopor está sendo descartado de forma errada também. De nada adianta dar atenção especial para as sacolas plásticas se não há a consciência populacional da palavra sustentabilidade aliada a ecologia.
Concordo com o fim da distribuição das sacolas plásticas convencionais, mas também acho que há várias prioridades que vêm antes das sacolas.
Hoje entendo perfeitamente as pessoas que fizeram um alarde acerca da decisão sobre as sacolas plásticas. Entendo e respeito, mas seria muito bom também se o povo paulista entendesse o motivo de tal medida, refletindo antes de soltar qualquer tipo de reclamação.

A brasileira Erika Tamura é comerciária na província de Joso, no Japão
