Vilões nos primeiros meses do ano, os alimentos apresentam queda generalizada de preço e, agora, empurram para baixo os índices de inflação. Em julho, o valor da cesta básica caiu em todas as capitais pesquisadas pelo Dieese – fato inédito desde 2007. Itens retirados momentaneamente dos carrinhos de compra devido ao alto preço, tais como o tomate e o feijão, tiveram as maiores influências para a queda no mês passado.
“Há muita volatilidade nos preços desses alimentos, que dependem das condições de clima e safra”, afirmou o coordenador do Dieese, José Silvestre. Historicamente, a maioria dos alimentos in natura, como hortaliças e frutas, sobe nos primeiros meses do ano devido ao excesso de chuvas, e caem na metade, beneficiados pelo clima. É o que acontece neste momento.
Além disso, a colheita de grãos já foi encerrada no país, o que garante boas condições de oferta para soja e milho – ingredientes em muitos alimentos industrializados e na ração de animais.
Mas, apesar de a queda recente não ter sido suficiente para anular a alta do primeiro semestre – no acumulado do ano, a cesta básica só cai em Florianópolis -, a deflação de alimentos deve perder força nos próximos meses. “Julho deve ser o pico de queda para os preços dos alimentos ao consumidor”, diz a analista da Tendências Consultoria, Adriana Molinari. Para ela, a inflação de alimentos volta para o terreno positivo em agosto.
Ainda de acordo com a analista, os preços no atacado já mostram desaceleração nos itens in natura e alta das carnes, do leite e de derivados do trigo. Nesses casos, o preço sobe por causa de restrições na oferta. No caso do trigo, a alta do dólar também pesa, já que pelo menos metade do abastecimento é garantida pelo produto importado.
O impacto do câmbio na inflação só não é maior porque as matérias-primas caem no mercado internacional. “A dinâmica internacional das commodities mais do que está compensando a alta do dólar”, diz em relatório o economista-chefe do banco ABC Brasil, Luis Otavio Leal.
Para o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, o impacto do câmbio na inflação será limitado. “A trajetória de convergência para a meta [de 4,5%] se inicia neste semestre”, afirmou na última terça-feira, dia 6 de agosto.
Fonte: Folha de S. Paulo
