A cesta básica paulista teve acréscimo de 2,43% no preço em janeiro, conforme estudo do Procon-SP, chegando a R$ 264,87. O peso maior foi o grupo alimentação, que subiu 2,58%, com destaque para a cebola, com alta de 39,86% o kg, feijão carioquinha, com 27,27%, óleo de soja, com 13,19% a lata de 900 ml, farinha de trigo, 8,22% a mais no preço do pacote, e leite em pó integral, que registrou alta de 8,12% na embalagem de 400g e 500g.
Dos 31 produtos pesquisados na variação mensal, 17 apresentaram alta, 12 diminuíram de preço e 2 permaneceram estáveis. Os grupos Alimentação, Limpeza e Higiene Pessoal apresentaram alta de, respectivamente, 2,58%, 2,16% e 1,28%. No acumulado dos últimos 12 meses, a variação do preço da cesta básica foi de 25,95%.
Aumentos ou quedas de preço da cesta básica, conforme o Procon-SP, não refletem, necessariamente desequilíbrios entre oferta e procura ou conjuntura econômica resultante do cenário internacional. Em muitos casos, devem-se, exclusivamente, a oscilação de preços nos pontos-de-venda da amostra, muitas vezes, devido á concorrência.
Commodities elevam preço dos alimentos
A alta dos alimentos bem acima da inflação neste início de 2008 é reflexo do comportamento das commodities em 2007, cuja elevação de preços deve-se, em alguns casos à entressafra, estiagem ou valorização no mercado internacional.
Cebola – A oferta nacional de cebola começou a diminuir a partir de setembro, com o fim do pico da safra em São José do Rio Pardo (SP) e Minas Gerais, voltando a elevar os preços. Os produtores justificam a alta devido à redução da área de plantio, queda de produtividade e ausência de cebola nordestina no mercado, devido ao término antecipado da safra. Estimam regularizar a partir de março, com a chegada do produto argentino.
Feijão – A partir de maio do ano passado, o preço de feijão disparou em decorrência da baixa produtividade da primeira e da segunda safra e o longo período de estiagem na região sul, principalmente no Paraná, um dos maiores produtores de feijão carioquinha do País. Já no início de 2008, outras regiões produtoras, como Cristalina e Formosa (em Goiás), e Unaí (em Minas Gerais), sofreram com o atraso da estação chuvosa e a inconstância das chuvas, causando quebra de um percentual significativo da safra. Mesmo com a colheita prevista para março e abril, a previsão é de que a oferta de feijão continue restrita. Em 2007, o feijão carioquinha acumulou alta de 158,82% na cesta básica.
Soja – O setor teve recorde de safra no ano passado e viu subirem as cotações internacionais de grãos, farelo e óleo, assim como a expansão da demanda brasileira por farelo, pelo setor de rações, e de óleo, pelas usinas de biodiesel. A alta das cotações do petróleo e o cenário de demanda crescente para óleos vegetais, por causa de seu uso nos biocombustíveis, também contribuíram para elevar a cotação do óleo de soja no mercado internacional, com reflexo no mercado interno.
Trigo – A entressafra de 2007 causou a alta das cotações do cereal no mercado internacional. Neste início de ano, os estoques continuam baixos e há dificuldades de importação de trigo da Argentina (que suspendeu licenças para vendas externas). Atento ao controle da inflação, o governo autorizou, por meio de resolução da Câmara de Comércio Exterior, a importação de um milhão de toneladas do produto, sem imposto de importação, de países que não integram o Mercosul, cujos principais fornecedores são Canadá e Estados Unidos. A medida vale até 30 de junho.
Leite e Derivados – Em 2007, o preço do leite na pesquisa mensal da cesta básica apresentou variações positivas em, praticamente, todos os meses. No último trimestre, as variações foram negativas. A quebra na produção de leite na Austrália e na Argentina (por motivos climáticos), o aumento do consumo na Ásia e a redução da produção na Europa provocaram forte demanda, com conseqüente alta dos preços internacionais, principalmente a partir do mês de maio do ano passado. Essa valorização refletiu nos preços do mercado doméstico, que também passava por um período de entressafra.
O fim da entressafra, em setembro, e a crise deflagrada no segmento de leite longa vida, em outubro, colaboraram para que os aumentos de preço começassem a perder força no final do ano.
Quanto ao leite em pó, principal produto lácteo exportado pelo país, teve problema de abastecimento devido à valorização do produto no mercado internacional. Em 2007, o leite em pó integral acumulou alta de 41,15% na cesta básica.