O valor da cesta básica de outubro apresentou alta de 0,32%, revela pesquisa da Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta era de R$ 238,14 em 28 de setembro e passou para R$ 238,91 em 31 de outubro. O grupo Alimentação foi o que registrou a maior alta: 0,89%.
Dentre os produtos que compõem o grupo Alimentação, destacamos os que registraram as maiores altas de preço, neste mês: feijão carioquinha – kg (23,04%); batata – kg (19,23%); carne de segunda s/ osso – kg (9,79%); cebola – kg (6,61%) e carne de primeira – kg (4,24%). O açúcar refinado – pac. 5kg (-17,82%) e o queijo muzzarela fatiado – kg (-11,90%), que pela magnitude da queda dos preços, influenciaram negativamente no comportamento da cesta, neutralizando parcialmente o efeito das altas.
Dos 31 produtos pesquisados na variação mensal, 10 apresentaram alta, 18 diminuíram de preço e 3 permaneceram estáveis. O grupo Alimentação apresentou alta de 0,89% e os de Limpeza e Higiene Pessoal apresentaram queda de, respectivamente, -1,59% e -2,43%.
O recorde da cesta básica desde o Plano Real foi verificado em 18/10/07, quando o valor chegou a R$ 243,02.
A variação no ano é de 10,97% (base 28/12/06) e, nos últimos 12 meses, de 13,21% (base 31/10/06).
É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país,
etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras, etc.). As alterações de preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para
estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou
simplesmente para “desovar” estoques através do rebaixamento temporário dos preços.
A análise a seguir pretende focalizar os produtos com maior participação na variação do valor médio da Cesta Básica deste mês.
Feijão
Nos primeiros quatro meses do ano, o feijão carioquinha apresentou quedas sucessivas de preço devido ao bom abastecimento do mercado interno. A partir de maio, os preços entraram em trajetória de alta, apresentando em outubro a maior variação positiva desde março de 2006, quando o feijão registrou valorização de 27,75% em relação ao mês anterior.
Em setembro, encerraram-se as colheitas do Paraná e das lavouras irrigadas de São Paulo, Goiás, Bahia, Mato Grosso e de Minas Gerais. Todavia, o Estado do Paraná – um dos maiores produtores de feijão carioquinha do país – está com a safra comprometida. Faltou chuva no período de granação das lavouras. A diminuição da área cultivada e da produção, associada ao clima seco, figuram como o principal motivo para o aumento significativo do preço.
Na pesquisa da cesta básica, o feijão carioquinha acumulou, no ano, alta de 47,65%.
Batata/Cebola
Apesar da instabilidade no comportamento do mercado da batata e da cebola, ambos os produtos apresentaram variações positivas de preço na maioria dos meses do ano.
Após três meses de queda, que se iniciou em junho, os preços voltaram a subir em setembro e outubro. A menor oferta do período deve-se ao fim do pico da safra nas principais lavouras.
No caso da batata, a valorização se deu por conta do fim do pico da safra de inverno. A baixa quantidade de chuva no início do plantio da safra das águas, entre agosto e setembro, nas regiões produtoras do Paraná e do sul de Minas Gerais também tem preocupado os produtores, na medida em que pode ter afetado o desenvolvimento dos tubérculos, atrasando a colheita e reduzindo a produtividade.
Quanto à cebola, a expectativa dos produtores é que continue valorizada, por conta da redução da oferta nacional. O principal motivo é a finalização das safras de São Paulo, Goiás, Distrito Federal e Minas Gerais. Outra razão é a ausência de cebola sulista no mercado, devido ao atraso na colheita, face às adversidades climáticas no Sul do País neste ano – seca no Paraná e chuvas no Rio Grande do Sul.
Na pesquisa da cesta básica, a batata e a cebola acumularam, no ano, alta de 86,75% e 92,54%, respectivamente.
Carne Bovina
O preço da carne bovina, tanto de primeira quanto de segunda, apresentou alta na pesquisa da cesta básica.
Com a diminuição das pastagens – por ocasião do clima seco – e com a redução do rebanho, houve uma diminuição da oferta de carne. A baixa oferta
de animais para abate vem sendo observada também nas regiões de
confinamento (aumento dos custos de ração) , mantendo curtas as escalas dos frigoríficos.
Segundo levantamentos efetuados pela Cepea – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada – USP, muitos pecuaristas de engorda já não dispõem de lotes para serem comercializados; outros preferem esperar para vender o restante dos animais, na expectativa de preços maiores.
Sem animais confinados em volume suficiente, a única alternativa dos frigoríficos é pagar mais pelos animais, o que acaba sendo repassado para o consumidor final.
Na pesquisa da cesta básica, a carne de primeira e de segunda acumularam, no ano, alta de 9,90% e de 17,25%, respectivamente.
Açúcar
Neste ano, o comportamento dos preços do açúcar foi predominantemente de queda.
Os preços da cana entregue pelos fornecedores do centro-sul do país às usinas vêm recuando, devido à oferta elevada.
Influenciados pela “febre” mundial do etanol, os produtores brasileiros expandiram a área plantada, principalmente sobre as regiões de pastagens e de cultivo de grãos, fibras e cereais.
A elevação dos preços deve começar a partir da segunda quinzena de novembro, quando a colheita da cana entra em sua reta final.
Leite e Derivados
Depois de um período de altas importantes de preço e de início de desaceleração em setembro, o leite em pó integral registrou variação negativa de preço na pesquisa da cesta básica de outubro. O queijo muzzarela, por sua vez, apresentou a segunda queda consecutiva de preço.
A alta do leite vinha sendo estimulada pela entressafra e pela valorização do produto no mercado internacional. A partir de setembro, a queda no consumo e a melhora na oferta de leite em parte das regiões produtoras ajudaram a pressionar os preços ao produtor.
A expectativa do setor já era de queda do preço, por conta do aumento da produção devido à entrada da safra. Pelo lado da demanda, a diminuição das vendas no varejo traduziu uma diminuição do consumo, como resposta ao aumento dos preços.
Por enquanto, não há comprovação de que o recuo dos preços do leite esteja relacionado com os recentes episódios de adulteração do leite longa vida
por cooperativas de Minas Gerais, todavia algumas associações de
supermercadistas já apontaram queda nas vendas do leite UHT (de caixinha) e uma migração para o leite em pó ou de saquinho, ou até para sucos e refrigerantes.