O valor da cesta básica de agosto apresentou alta de 1,68%, revela
pesquisa da Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e
da Defesa da Cidadania, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta
era de R$ 234,21 em 31 de agosto e passou para R$ 238,14 em 28 de
setembro. O grupo Alimentação foi o que registrou a maior alta: 1,70%.
Dentre os produtos que compõem o grupo Alimentação, destacamos os que
registraram as maiores altas de preço, neste mês: salsicha avulsa – kg
(10,44%); cebola – kg (7,08%) e leite em pó integral – emb. 400-500 g
(4,72%).
Dos 31 produtos pesquisados na variação mensal, 18 apresentaram alta, 11
diminuíram de preço e 2 permaneceram estáveis. O grupo Alimentação
apresentou alta de 1,70%, o de Limpeza, 1,65% e, o de Higiene Pessoal,
1,55%.
O recorde da cesta básica desde o Plano Real foi verificado em 28/09/07,
quando o valor chegou a R$ 238,14.
A variação no ano é de 10,61% (base 28/12/06) e, nos últimos 12 meses, de
17,06% (base 28/09/06).
É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos
que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum
desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas
(quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura
econômica do país, etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário
internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações
brasileiras, etc.). As alterações de preços, especialmente as de pequena
magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por
determinados supermercados da amostra, seja para estimular a
concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para
“desovar” estoques através do rebaixamento temporário dos preços.
A análise a seguir pretende focalizar os produtos com maior participação
na variação do valor médio da cesta básica deste mês. Destacou-se também
a carne de primeira e o arroz, que estão entre os produtos que mais
pressionaram a alta, considerando seus pesos.
Carne Suína
As restrições do mercado internacional à carne suína brasileira vêm
causando prejuízo aos produtores há dois anos. A crise começou em 2005,
com o surgimento de focos de febre aftosa no Paraná e em Mato Grosso do
Sul. Os frigoríficos pararam de exportar e o preço despencou.
No primeiro semestre deste ano, para amenizar a situação dos
suinocultores, o governo anunciou a liberação de linhas de crédito
especiais, com juros menores, para a aquisição de matrizes, para a compra
de milho e até para o estoque da carne. Essas medidas, no entanto, não
resolveram totalmente o problema e o resultado foi uma retração da
produção.
Neste ano, os preços voltaram a subir, embora a taxas decrescentes. O
movimento de alta no setor, principalmente na região sudeste, está
atrelado à diminuição da oferta – há dificuldade, por parte dos
frigoríficos, de encontrar animais prontos para abate. Além disso, diante
do forte aumento de preço dos insumos (principalmente do milho),
produtores procuram negociar valores maiores. Outro fator que contribuiu
para as altas foi o fato das exportações brasileiras terem surpreendido
positivamente nos últimos meses.
Na pesquisa da cesta básica, a salsicha avulsa acumulou, no ano, alta de
12,58%.
Cebola
Depois de apresentar variações negativas de preço, por três meses
consecutivos, a cebola voltou a registrar alta, neste mês, na pesquisa da
cesta básica.
Embora tenha havido aumento pontual da oferta da cebola no mês de agosto,
devido à intensificação da colheita em algumas regiões produtoras, o
preço apresentou uma pequena alta em setembro. Mesmo com os ganhos
auferidos na primeira safra, a área da segunda temporada sofreu uma
redução, tendo em vista o pouco interesse dos cebolicultores em expandir
a produção.
A safra paulista, que iniciou em junho e que deve finalizar em novembro,
apresenta bulbos de baixa qualidade, por conta de adversidades climáticas
entre abril e junho (período de cultivo). Por essa razão, atacadistas
estão comprando a cebola de outras regiões produtoras, encarecendo o
produto.
Na pesquisa da cesta básica, a cebola acumulou, no ano, alta de 80,60%.
Leite e Derivados
No mês de setembro, o preço do leite voltou a registrar alta na pesquisa
da cesta básica. Apesar disso, o leite em pó integral apresentou sua
menor variação positiva mensal de preço dos últimos cinco meses. O queijo
muzzarela, ao contrário, apresentou queda de preço, depois de seis meses
de alta.
O preço do leite vem aumentando, tanto no Brasil quanto no exterior. Além
da retração na oferta, fruto da entressafra interna e dos problemas
climáticos em países produtores, ocorre o crescimento do consumo mundial.
Países em desenvolvimento do norte da África e do leste europeu, assim
como a China, passaram a consumir mais leite. Os aumentos de preço, no
entanto, estão perdendo força.
A indústria já iniciou a redução dos preços e já começam a aparecer
promoções no varejo. O preço do litro de leite longa vida, por exemplo,
também dá sinais de desaceleração, tendo em vista que as constantes altas
estão derrubando as vendas no varejo. Alguns supermercados recusaram
novas compras, por conta dos altos estoques.
Na pesquisa da cesta básica, o leite em pó integral acumulou, no ano,
alta de 67,71%.
Carne Bovina
O preço da carne bovina continua a apresentar alta na pesquisa da cesta
básica.
Depois da crise da febre aftosa, que derrubou os preços da carne, a
pecuária de corte também está em franca ascensão, com cotações em alta,
tanto no mercado interno quanto no externo.
Com a diminuição das pastagens, por ocasião do clima seco e com a redução
do rebanho houve uma diminuição da oferta de carne. O impacto da menor
disponibilidade do produto já se faz sentir há alguns meses e
especialmente agora, no momento em que a economia está com a demanda
aquecida, puxada pela recuperação do emprego e da renda.
Apesar da alta de preço, houve certa desaceleração, a exemplo do que
ocorreu com os laticínios.
Na pesquisa da cesta básica, as carnes de primeira e de segunda
acumularam, no ano, alta de 5,43% e 6,79%, respectivamente.
Arroz
A oferta de arroz continua ajustada, com a finalização dos estoques em
diversas regiões produtoras. A baixa movimentação do produto e a redução
no volume de oferta devem-se, também, à expectativa da divulgação de
novas linhas de financiamento para renegociação das dívidas dos
produtores e à redução da área plantada na safra 2006/07.
Produtores de arroz do Rio Grande do Sul, contudo, pretendem elevar a
área plantada na safra 2007/08. O motivo é a recente demanda pelo produto
nos Estados do Centro-Oeste. Tudo vai depender da implantação de uma
política de escoamento da produção.
O atual movimento de alta dos preços poderá esbarrar nas importações,
pois embora os uruguaios e argentinos estejam valorizando o seu produto e
a greve dos fiscais agropecuários tenha dificultado as importações de
arroz, o ingresso do cereal no Brasil está ocorrendo de forma intensa.
Na pesquisa da cesta básica deste mês, o arroz registrou variação
positiva de preço (2,83%), em relação ao mês anterior. Apesar de modesta,
foi sua maior variação positiva no ano.
Download Procon – Setembro 2007