O valor da cesta básica de agosto apresentou alta de 2,49%, revela pesquisa da Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da cidadania, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta era de R$ 228,51 em 31 de julho e passou para R$ 234,21 em 31 de agosto. O grupo Alimentação foi o que registrou a maior alta: 3,17%.
Dentre os produtos que compõem o grupo Alimentação, destacamos os que registraram as maiores altas de preço, neste mês: leite em pó integral – emb. 400-500 g (21,78%); queijo muzzarela fatiado – kg (10,90%); feijão Carioquinha – pac. 1 kg (10,17%); margarina – pote 250 g (4,82%) e carne de primeira – kg (4,20%).
Dos 31 produtos pesquisados na variação mensal, 17 apresentaram alta, 12 diminuíram de preço e 2 permaneceram estáveis. O grupo Alimentação apresentou alta de 3,17%, o de Limpeza, alta de 0,74% e, o de Higiene Pessoal, queda de 1,24%.
O recorde da cesta básica desde o Plano Real foi verificado em 28/08/07, quando o valor chegou a R$ 235,44.
A variação no ano é de 8,79% (base 28/12/06) e, nos últimos 12 meses, de 16,10% (base 31/08/06).
É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a cesta básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras etc.). As alterações de preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para desovar estoques através do rebaixamento temporário dos preços.
A análise a seguir pretende focalizar os produtos com maior participação na variação do valor médio da cesta básica deste mês. Destacou-se também o arroz, que embora não figure entre as maiores altas de preço, apresentou sua maior variação positiva mensal, desde o início do ano. A cebola e a batata foram citadas, por apresentarem significativa queda de preço.
Leite e Derivados
No mês de agosto, o preço do leite voltou a registrar alta na pesquisa da cesta básica. O leite em pó integral apresentou sua maior variação positiva mensal de preço dos últimos cinco anos. O queijo muzzarela registrou seu segundo maior aumento de preço deste ano (a maior variação positiva ocorreu em maio: 13,81%).
De 2005 até o final de 2006, o setor de leite passou por muitas dificuldades, com queda sistemática dos preços pagos ao produtor. Como conseqüência, o produtor iniciou um processo de descapitalização, vendendo matrizes e bezerros. Houve, portanto, um declínio da produção, com redução da oferta.
A partir de maio deste ano, fatores como a entressafra, o aumento da demanda mundial, a redução do subsídio governamental na Europa e problemas climáticos em países produtores, como Nova Zelândia e Austrália, vieram reforçar o quadro de oferta reduzida, provocando elevação do preço do leite, não só no Brasil, como no exterior.
Alguns analistas do setor estimam que, a partir de setembro, a tendência é de estabilidade nos preços, já que a produção começa a aumentar com o fim da entressafra. Além disso, a demanda tende a diminuir, por conta da forte alta registrada no varejo. O consumidor vem absorvendo a alta de preço, mas não há muito espaço para novos aumentos, que já afetam os índices de inflação.
Na pesquisa da cesta básica, o leite em pó Integral e o queijo muzzarela fatiado acumularam, no ano, alta de 60,16% e 49,32%, respectivamente.
Feijão
O feijão apresentou a quarta alta consecutiva de preços, na cesta básica, desde o início do ano.
A diminuição da produção de feijão, face a problemas climáticos que afetaram a colheita, continua a proporcionar maior firmeza aos preços. A expectativa é de que os preços continuem em alta durante as próximas semanas, tendo em vista que grande parte da produção da safrinha já foi escoada e a produção da terceira safra não será suficiente para aumentar substancialmente a oferta. Para reforçar o quadro, a demanda se apresenta bastante aquecida.
Na pesquisa da cesta básica, o feijão Carioquinha acumulou, no ano, alta de 14,71%.
Carne Bovina
O preço da carne bovina continua a apresentar alta na pesquisa da cesta básica.
As áreas de pastagens diminuem em todas as regiões produtoras, por ocasião do clima seco. A entressafra, resultante disso, já afeta as operações dos frigoríficos, que reduzem os abates e dão férias coletivas a seus funcionários.
Observada de uma perspectiva mais ampla, a falta de boi no mercado brasileiro pode estar relacionada também ao longo período de baixa dos preços da arroba, quando houve um desestímulo para o investimento no setor.
A situação da oferta deve começar a melhorar com a entrada de animais de confinamento no mercado e, a partir de outubro, quando se aproxima o período de chuvas.
Arroz
Após três anos de prejuízos para os produtores (o Brasil produziu mais do que consumiu nas safras 2003/2004 e 2005/2006), o mercado de arroz tende a uma temporada de equilíbrio em 2007. Ao contrário dos anos anteriores, o governo fez aquisições no início da colheita no primeiro semestre e enxugou a oferta, com expectativa de elevação moderada dos preços.
A oferta também se encontra ajustada, com a finalização dos estoques em diversas regiões produtoras. Com a desvalorização do dólar frente ao real, há uma tendência ao fortalecimento das importações do produto argentino e uruguaio, pressionando os preços para baixo.
Cebola/Batata
Tanto a cebola quanto a batata apresentaram a terceira queda consecutiva de preço, na pesquisa da cesta básica, depois de sucessivas variações positivas desde o início do ano.
Houve aumento da oferta da cebola no mês de agosto, nos atacados de São Paulo, devido à intensificação da colheita nas regiões paulistas de Monte Alto, Piedade e São José do Rio Pardo, embora a qualidade e a produtividade das lavouras dessas regiões tenham sido prejudicadas por chuvas no período de plantio e pelo tempo quente e seco durante o desenvolvimento do bulbo.
Com relação à batata, a boa produtividade da safra de inverno em praticamente todas as regiões – em conseqüência do clima favorável durante o desenvolvimento do produto – contribuiu para a manutenção do volume e dos preços em baixa.
Segundo agentes do mercado, outro fator que deve ter influenciado negativamente o preço da batata foi o período de férias em julho, quando parte dos produtos hortifrutícolas deixam de ser destinados à merenda escolar.
Assessoria imprensa/Procon-SP