Com a dificuldade que o varejo enfrenta para repassar integralmente para os clientes a valorização das carnes, Alex Lopes, da Scot Consultoria, afirma que os consumidores já estão se adaptando ao novo patamar de preços.
Segundo ele, carnes mais baratas, como a de frango, ganham a preferência dos consumidores em momentos de elevação brusca nos preços das bovinas e suínas.
“Os custos de produção no campo para a carne bovina subiram 25% neste ano. Mas no varejo, só 10%. Esse achatamento de margens indica que o mercado não tem conseguido repassar o que gostaria.”
Lopes diz também que o aumento dos preços das carnes não deve ser passageiro. “No longo prazo, a tendência é de valorização da proteína animal, junto da renda do trabalhador.”
Segundo o gerente de economia e projetos da APAS, Rodrigo Mariano, o preço da carne bovina em 2014 apresentou um comportamento de elevação no acumulado de janeiro a setembro, atingindo uma elevação de 9,07%, e nos últimos 12 meses a alta foi de 22,50.
Este comportamento de elevação está atrelado ao repasse para os preços da elevação dos custos de produção. O período de estiagem mais prolongada afeta as pastagens, fonte de alimentação dos bovinos, e isso gera a necessidade da utilização de ração animal, o que eleva o custo da ração animal, afetando os preços da carne em geral. Aliado a isto, a alta demanda do mercado externo, principalmente, o maior consumo da Rússia e da China reduz a disponibilidade de carne no mercado interno, e assim, com uma menor oferta do produto no Brasil, o preço tende a se elevar.
Com relação a carne de porco o comportamento do preço, no acumulado de janeiro a setembro, atingiu uma alta nos preços de 0,99%. E em 12 meses a elevação foi de 9,13%. Por fim, o comportamento dos preços da carne de frango apresentou no acumulado de janeiro a setembro registrando queda de 1,81%. E em 12 meses houve elevação de 3,26%. De modo geral, em momentos de elevação do preço da carne bovina o consumidor busca outros tipos de proteína animal, como é o caso do aumento na procura de frango, sendo considerado um substituto para este item. Assim, a tendência é o consumidor buscar alternativas para o consumo de proteína animal, e assim, deve haver uma maior procura por aves em geral, como é o caso do frango.
Fontes: Folha de S. Paulo, Portal ABRAS, Dep. de economia APAS
