
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou recentemente os resultados do Produto Interno Bruto (PIB) do quarto trimestre de 2024, revelando uma variação positiva de 0,2% em comparação ao terceiro trimestre do ano, considerando a série com ajuste sazonal. Em relação ao mesmo período de 2023, o PIB apresentou um crescimento notável de 3,6%.
Em termos monetários, o PIB no último trimestre de 2024 alcançou R$ 3.080,4 bilhões, com R$ 2.635,3 bilhões referentes ao Valor Adicionado (VA) a preços básicos e R$ 445,0 bilhões proveniente dos Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios. Com esses resultados, o Brasil encerrou 2024 com um crescimento total de 3,4%.
No acumulado do ano, o PIB em valores correntes somou R$ 11.744,7 bilhões, sendo R$ 10.126,6 bilhões referentes ao VA a preços básicos e R$ 1.618,1 bilhões em Impostos sobre Produtos líquidos de Subsídios. Analisando a formação do PIB no último trimestre de 2024, observamos que os setores de Construção e Indústria de Transformação foram os principais motores desse crescimento, com incrementos de 2,5% e 0,8%, respectivamente, na série dessazonalizada. O setor de comércio, por sua vez, apresentou um crescimento mais modesto de 0,3%.
Do ponto de vista da demanda, os gastos do governo e os investimentos, representados pela Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), também contribuíram positivamente, avançando 0,6% e 0,4%, respectivamente. No entanto, o consumo das famílias, que vinha sustentando o crescimento da economia, registrou uma queda de 1,0%, interrompendo uma sequência de três trimestres de alta.
Apesar disso, no acumulado do ano, o consumo das famílias expandiu 4,8%. Felipe Queiroz, Economista-Chefe da APAS, comenta: “O cenário atual da política monetária e a taxa de juros estabelecida pelo Banco Central têm um impacto direto no consumo das famílias, que já se reflete nos números do PIB. É importante que consideremos os desafios externos e internos que podem afetar o crescimento econômico do Brasil.” O ambiente macroeconômico internacional, caracterizado por tensões geopolíticas, impõe desafios significativos aos motores de crescimento da economia brasileira.
A manutenção de uma política monetária restritiva poderá afetar tanto o consumo das famílias quanto os investimentos. Em 2024, a participação dos investimentos no PIB avançou 1,1 ponto percentual, totalizando 16,9% do componente da demanda do PIB. Contudo, se a atual política monetária não for revisada, é provável que em 2025 essa participação volte a diminuir.
Após a divulgação do PIB, a APAS revisou suas projeções de crescimento da economia brasileira para 2025, estabelecendo uma expectativa de alta de 2,3% no PIB. Em relação à inflação, a instituição prevê um cenário acomodativo, com o IPCA encerrando dentro das bandas de flutuação estipuladas pelo Comitê Monetário Nacional (CMN).
A inflação do último ano foi influenciada pela pressão nos preços dos alimentos, e a desaceleração ou redução de preços é resultado de diversos fatores, incluindo ações para mitigar impactos de fenômenos climáticos e a redução de tarifas de insumos produtivos.
Por fim, a APAS acredita que, mesmo diante da projeção do mercado de alta da taxa Selic, existe espaço para que o Comitê de Política Monetária (COPOM) reduza o ritmo de aumento da taxa de juros, contribuindo assim para um ambiente econômico mais favorável.