O faturamento do segmento atacadista distribuidor teve queda de 5,56% em agosto na comparação com o mês de julho, segundo dados deflacionados (reais) da pesquisa mensal da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (ABAD), apurada pela Fundação Instituto de Administração (FIA). Em relação a agosto de 2014, o recuo foi ainda maior: 12,01%. De janeiro a agosto de 2015, em relação ao mesmo período do ano passado, o faturamento acumula retração de 9,75%.
“O desempenho é resultado direto do agravamento da crise econômica. Com o avanço do desemprego e o poder de compra corroído pela inflação, o consumidor aumentou o nível de desconfiança e não tem sido apenas seletivo, está comprando menos e deixando de levar os produtos da cesta que habitualmente ele adquiria”, afirma o presidente da ABAD, José do Egito Frota Lopes Filho.
Em termos nominais, o faturamento também apresentou declínio nas três bases de comparação. Em agosto, houve queda de 5,36% na comparação com o mês de julho; de 3,63% em relação a agosto de 2014; e de 2,12% no acumulado do ano até agosto, em comparação ao mesmo período do ano passado.
Na bastasse a queda nas vendas, a instabilidade econômica, provocada em grande parte pelo cenário político conturbado, trouxe outro problema para o setor: o aumento de custos. Tradicionalmente, a indústria tem, no máximo, dois reajustes anuais, o que permite ao atacado distribuidor segurar o repasse ao consumidor por até 70 dias, devido ao estoque. Em 2015, porém, a indústria já está promovendo o terceiro reajuste, principalmente por causa da alta dos insumos que sofrem influência do câmbio.
“Os repasses serão inevitáveis a partir de agora, porém, a cadeia de abastecimento está empenhada em encontrar alternativas. Cada elo da cadeia terá de dar a sua contribuição: o varejo vai reduzir a sua margem de lucro, o atacado vai enxugar seus custos e ampliar seu estoque e a indústria, com o apoio do atacado, terá de encontrar soluções para oferecer produtos competitivos. Temos um balizador importante nesse processo: o consumidor. Se ele não puder comprar, ninguém vai vender”, ressalta José do Egito.
Diante do atual cenário, o setor está revendo sua estimativa de crescimento para 2015. A previsão anterior de 1% passa agora para crescimento zero, ancorada principalmente no desempenho do comércio no fim do ano. “Nossa expectativa, bem abaixo do patamar que costumamos atingir, está em linha com atual momento da economia. As mudanças, inclusive do perfil do consumidor, impõem um grande desafio aos agentes de distribuição, que terão de se ajustar ao novo tamanho do mercado”, conclui.
Fonte: ABAD