Mais uma vez o leite e o feijão, itens comuns na mesa do brasileiro, pressionam a inflação nos supermercados que, de acordo com o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE, apresentou alta de 0,73% em agosto. No acumulado de janeiro a agosto, houve alta de 9,36%.
Em 12 meses a alta nos preços dos supermercados atingiu 14,96%. A título de comparação com 2015, a inflação, em 12 meses, em agosto de 2015 foi de 9,20%.
Os preços se mantiveram altos no período devido aos produtos industrializados e da constante alta do feijão e do leite. Os motivos estão relacionados à pressão sobre os custos de produção e problemas climáticos, que afetam a disponibilidade e a oferta de produtos.
Os industrializados apresentaram alta de 1,75%. A variação se deve, principalmente, à alta nos preços dos derivados do leite (4,99%), que sofrem reajustes de preços devido ao próprio preço do leite, que tem menor oferta e disponibilidade no mercado interno. Em 12 meses, os produtos industrializados subiram 15,41% e, no acumulado, 10,21%.
A alta em semielaborados (carnes, leite e cereais) foi de 0,23%, com destaque para o leite (2,03%), e está relacionada a alguns fatores conjuntos:
Questões climáticas – Com menos chuvas, as pastagens ficam mais secas. Com o frio mais intenso, o pasto também é prejudicado, o que acarreta em quantidade menor de alimentação para os animais e impacta a produção do leite.
Pastagens de menor qualidade – O produtor de leite necessita complementar a alimentação dos animais com ração, que é composta basicamente de soja e milho (dois itens cujos preços subiram).
Encarecimento da produção – Alguns produtores optaram pelo abate de vacas para garantir ganhos e, assim, manter a rentabilidade de sua produção, o que causou uma redução da oferta do produto e, consequentemente, alta nos preços do leite. No acumulado de janeiro a agosto, o preço do leite foi de 58,94% e, em 12 meses, de 49,36%. Em 12 meses a elevação nos preços dos produtos semielaborados foi de 19,40%, e, no acumulado, subiu 13,09%.
Os preços dos In Natura caíram 1,97%. O destaque são os tubérculos (-14,21%) diante da retração nos preços da cebola (-23,89%) e da batata (-15,79%). Esta redução dos preços tem relação direta com maior disponibilidade do produto, diante da colheita de safra que elevou a oferta no mercado interno.
Os legumes tiveram retração nos preços de 5,60% impulsionados pela queda do preço da cenoura (-7,00%) e do pimentão (-17,60%). Em 12 meses, a alta dos preços nos In Natura foi de 11,62%. No acumulado, a alta foi de 5,21%. As altas expressivas verificadas ao longo do primeiro semestre já apontam desaceleração e, em alguns casos, redução dos preços devido à maior disponibilidade dos tubérculos, legumes e verduras.
As bebidas alcoólicas apresentaram queda, com variação de -0,18%, reflexo da retração no preço da cerveja (-0,32%). Em 12 meses a alta foi de 11,01% e, no acumulado, 5,19%. As bebidas não alcoólicas registram alta de 1,02%, devido ao refrigerante (0,84%) e água mineral (2,05%). Em 12 meses a alta foi de 9,65% e no acumulado do ano 5,93%.
Os produtos de limpeza subiram 0,24%, impactados pela queda nos preços do sabão em barra, com variação de 1,56%. Em 12 meses a alta nos produtos de limpeza foi de 13,02% e, no acumulado do ano, 8,28%. Os artigos de higiene e beleza apontaram alta de 0,84% impactados pela queda nos preços do sabonete (0,87%). Em 12 meses, a elevação foi de 12,08% e, no acumulado, 5,28%.
Em agosto, as variações negativas estiveram presentes em 34,23% dos itens, de acordo com o índice de difusão (proporção das variações de preços negativas), ficando abaixo da média para os últimos 24 meses, que é de 35,71%, o que reforça a disseminação da inflação sobre os diversos itens que compõe o Índice de Preços dos Supermercados (IPS).
Na avaliação desde a criação do Plano Real, em 1994, o IPS/APAS apresenta variação acumulada de 224,85%, o IPCA/IBGE tem alta de 452,52%, o IPC-FIPE tem aumento de 342,94%, e o IPA/FGV tem variação de 633,18%. Assim, a evolução dos preços ao longo dos anos aponta alta moderada no setor supermercadista principalmente por sua característica de concorrência, em que os ganhos de eficiência e produtividade aliados às constantes negociações junto à indústria possibilitam preços mais competitivos para serem ofertados aos consumidores.
Nota Metodológica
O Índice de Preços dos Supermercados tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em 6 categorias: i) Semielaborados (Carnes Bovinas, Carnes Suínas, Aves, Pescados, Leite, Cereais); ii) Industrializados (Derivados do Leite, Derivados da Carne, Panificados, Café, Achocolatado em Pó e Chás, Adoçantes, Doces, Biscoitos e Salgadinhos, Óleos, Massas, Farinha e Féculas, Condimentos e Sopa, Enlatados e Conservas, Alimentos prontos,); iii) Produto In Natura (Frutas, Legumes, Tubérculos, Ovos, Verduras); iv) Bebidas (Bebidas Alcoólicas, Bebidas Não Alcoólicas); v) Artigos de Limpeza; vi) Artigos de Higiene e Beleza.
Assim, o IPS se apresenta como instrumento útil aos empresários do setor na tomada de decisões com relação a preços e custos dos mais diversos produtos. No que diz respeito à indústria, de maneira análoga, possibilita a tomada de decisão com relação a preços e custos dos produtos destinados aos supermercados. Ao mercado e aos consumidores é útil para a análise da variação de preços ao longo do tempo possibilitando o acompanhamento da evolução dos custos ao consumidor do setor supermercadista.