O temor da indústria de alimentos e bebidas – e também de varejistas concorrentes – em relação à possível fusão entre Carrefour e Grupo Pão de Açúcar se resume a uma palavra: concentração. Nacionalmente, caso a fusão se concretize, as empresas teriam 851 lojas – 11,2% do total – e vendas de R$ 65,1 bilhões – o equivalente a 32,2% do faturamento do setor.
No Brasil, existem hoje 7.565 supermercados que no ano passado somaram um faturamento de R$ 201,6 bilhões. O Grupo Pão de Açúcar entra nesta conta com 615 lojas e vendas de R$ 36,1 bilhões em 2010. O Carrefour tem 236 lojas (sem incluir a rede Dia, que está sendo separada do grupo) e faturamento de R$ 29 bilhões. “Olhando para o mercado nacional, a possível fusão não resultaria em aumento da concentração”, disse João Galassi, presidente da Associação Paulista de Supermercados (APAS). “Mas se considerarmos só São Paulo, o cenário seria diferente”, acrescentou.
Em São Paulo – Estado que concentra 36% do faturamento do varejo de bens não duráveis do País – existem 2.473 supermercados. Do total, 426 são do Grupo Pão de Açúcar (17,2%) e 109 do Carrefour (4,4%). Juntas, as duas empresas teriam 588 lojas ou 23,7% do total paulista. Nenhuma das duas companhias divulga quanto faturam só no Estado, calcula-se que as duas companhias teriam juntas 30% dessa receita.
Entre os varejistas concorrentes, há interpretações diferentes. “Todo movimento de fusão ou de compra nesses últimos 12 anos se concentrou entre as maiores empresas do setor, que detém cerca de 40% das vendas”, afirmou Galassi, que também é dono de uma rede de quatro supermercados em Campinas (SP). “Mesmo com tudo que aconteceu nesse período, os pequenos continuaram crescendo e conquistaram seu espaço”, disse ele.
Fonte: Valor Econômico
