O Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS/FIPE apresentou em fevereiro alta de 0,57%. Em 12 meses a alta nos preços dos supermercados atinge 8,93%. De modo geral, os motivos para a elevação em fevereiro continuam atrelados à pressão sobre os custos de produção e a menor disponibilidade interna de alguns produtos, sejam por redução de oferta ou elevação de demanda. Aliado a isto, a elevação do dólar já afeta os preços de alguns produtos que possuem influencia da moeda norte-americana na formação de seus preços, o que pressiona ainda mais a inflação.
A título de comparação, a inflação em 12 meses em fevereiro de 2014 foi de 2,02% (contra 8,93% neste mês), já a variação mensal dos preços em fevereiro de 2014 foi de -0,47% (contra 0,57% neste mês), ou seja, houve retração nos preços em fevereiro de 2014, e neste mês houve aceleração dos preços, sendo a maior elevação para o mês de fevereiro desde 2010. Desta maneira, pode ser observado que ao longo de 2014 o comportamento da inflação se manteve em trajetória de elevação de maneira persistente e de maneira generalizada com reflexos em toda a economia.
Por mais um mês, a alta nos preços verificada em fevereiro esteve diretamente relacionada, principalmente, ao aumento nos preços dos Produtos In Natura com alta de 1,86%. O destaque para a elevação dos preços foram as categorias dos legumes (13,42%), que incluem entre outros itens, a cenoura e o tomate, com elevações de 16,72% e 9,88%, respectivamente. Do mesmo modo, houve elevação dos preços de Verduras (6,15%), com destaque para a elevação nos preços do repolho (15,54%) e da alface (5,48%). De modo geral, a elevação dos preços dos produtos in natura estão associadas a diversos fatores, entre eles o clima, que tem afetado a produção, e consequentemente, a disponibilidade e oferta destes itens. Assim, a estiagem prolongada, somada a elevação da energia, aliada a necessidade de irrigação e elevações nos custos de transporte, afetou diretamente o custo da produção, refletindo na alta nos preços. Em 12 meses a elevação nos preços dos Produtos In Natura foi de 14,77%.
Os preços dos Produtos Semielaborados (Carnes, Leite e Cereais) tiveram ligeira queda (-0,12%) impactada, principalmente, pela redução nos preços das carnes suínas (-4,44%) e do leite (-2,67%). A queda nos preços da carne suína está relacionados a dois principais fatores: a desaceleração das exportações, que favorece a disponibilidade
no mercado interno e o aumento da produção (ou seja, do abate), que eleva a oferta do produto no mercado, se traduzindo em preços mais estáveis e em alguns momentos em redução destes preços. Já a redução no preço do leite se deve ao volume de estoques que ainda permanecem elevados. Porém, a tendência é de redução diante de uma menor produção em janeiro e fevereiro, o que pode reverter a tendência de queda do preços para os próximos meses. Em 12 meses, há elevação nos preços dos
Produtos Semielaborados de 11,24%.
Os preços dos produtos industrializados apresentaram elevação, com variação de 0,55%. A variação esteve relacionada à elevação nos preços de Derivados de Carnes (0,70%), Panificados (0,54%) e Óleos (2,25%). A alta nos preços dos panificados e óleos já refletem a alguns fatos pontuais que já afetam os preços dos alimentos. No caso dos panificados, a alta do dólar impacta a cotação do trigo, que pode pressionar os preços dos panificados e massas em geral para os próximos meses. Em relação ao óleo, a alta se deu principalmente devido a elevação no preço do óleo de soja, refletindo uma valorização no preço da soja, diante da menor área de plantio do grão nos EUA, que tende a reduzir a oferta do produto, aliado a isso, a greve no setor de transporte no Brasil também contribuiu para uma pressão de alta nos preços. Em 12 meses a elevação nos preços dos produtos industrializados foi de 5,86%, sendo a categoria com maior estabilidade ao longo dos últimos meses, registrando inclusive, variação abaixo da média do IPS (8,93%).
Os preços das bebidas alcoólicas apresentaram alta em fevereiro, com variação de 0,34%, reflexo da elevação do preço da cerveja (0,27%) e do vinho (1,06%). Em 12 meses a alta nos preços foi de 9,44%. As bebidas não alcoólicas registram alta de 1,23%, diante da elevação, principalmente, nos preços de refrigerante (1,72%). Em 12 meses a alta nos preços foi de 9,97%.
Os preços dos produtos de limpeza apresentaram elevação de 0,73%, diante da elevação nos preços do sabão em pó (1,05%). Em 12 meses, a elevação nos preços dos produtos de limpeza foi de 10,33%. Os artigos de higiene e beleza apontaram alta de 0,63% impactados pela elevação nos preços do sabonete (1,38%) e do creme dental (2,26%). Em 12 meses, a elevação nos preços dos artigos de higiene e beleza foi de 9,18%.
Em janeiro, as variações negativas estiveram presentes em cerca de 32% dos itens, de acordo com o índice de difusão (proporção das variações de preços negativas), ficando abaixo da média, que é de, aproximadamente 42%.
Na avaliação desde a criação do Plano Real, em 1994, o IPS/APAS apresenta variação acumulada de 171,71%, o IPCA/IBGE (São Paulo) – Alimentos e Bebidas apresenta alta de, aproximadamente 353%, já o IPCA/IBGE (Brasil) – Alimentos e Bebidas tem alta de 369,48%, o IPC-FIPE tem aumento de 288,89% e o IPA/FGV tem variação de 520,36%. Assim, a evolução dos preços ao longo dos anos, aponta uma elevação mais moderada no setor supermercadista, diante de sua característica de concorrência, onde os ganhos de eficiência e produtividade aliados as constantes negociações junto à indústria, possibilitam preços mais competitivos para serem ofertas aos consumidores.
O Índice de Preços dos Supermercados tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em 6 categorias: i) Semielaborados (Carnes Bovinas, Carnes Suínas, Aves, Pescados, Leite, Cereais); ii) Industrializados (Derivados do Leite, Derivados da Carne, Panificados, Café, Achocolatado em Pó e Chás, Adoçantes, Doces, Biscoitos e Salgadinhos, Óleos, Massas, Farinha e Féculas, Condimentos e Sopa, Enlatados e Conservas, Alimentos prontos,); iii) Produto In Natura (Frutas, Legumes, Tubérculos, Ovos, Verduras); iv) Bebidas (Bebidas Alcoólicas, Bebidas Não Alcoólicas); v) Artigos de Limpeza; vi) Artigos de Higiene e Beleza. Assim, o IPS se apresenta como instrumento útil aos empresários do setor na tomada de decisões com relação a preços e custos dos mais diversos produtos. No que diz respeito à indústria, de maneira análoga, possibilita a tomada de decisão com relação a preços e custos dos produtos destinados aos supermercados. Ao mercado e aos consumidores é útil para a análise da variação de preços ao longo do tempo possibilitando o acompanhamento da evolução dos custos ao consumidor do setor supermercadista.