O Índice de Preços dos Supermercados, da APAS, ficou em 0,22% consolidando tendência em direção à estabilidade dos preços
O Índice de Preços nos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) em parceria com a Fipe, registrou variação de 0,22% em fevereiro, apresentando queda em relação a janeiro (0,65%). O resultado consolida a tendência de desaceleração da inflação no setor supermercadista. O movimento em fevereiro foi puxado principalmente pela redução do preço da carne bovina, dos produtos in natura e dos industrializados.
Em fevereiro, a inflação dos supermercados paulistas acumulada em 12 meses ficou em 14,21% ante 15,96% em janeiro. A expectativa é de que o IPS se mantenha em queda, caso não haja nenhuma mudança abrupta nos cenários doméstico e internacional. “Para este ano é esperada uma safra recorde de grãos, totalizando 302 milhões de toneladas, com alta de 14,7%, e a manutenção da política monetária restritiva. Além disso, teremos uma menor pressão sobre os preços de grãos no mercado internacional, tanto em decorrência da desaceleração do crescimento chinês, quanto das alterações econômicas, políticas e geopolíticas relacionadas à guerra na Ucrânia”, explica Felipe Queiroz, economista-chefe da APAS.
Semielaborados
Os produtos semielaborados apresentaram alta de 0,04% em fevereiro, puxados pela subcategoria de proteína animal como a carne suína, que após uma longa trajetória de queda, inflacionou no período. A carne suína teve reajuste de 0,3%, enquanto a carne bovina, as aves e os pescados deflacionaram 1,2%, 4,6% e 0,1%, respectivamente.
A queda de preço registrada pela carne bovina é decorrente de fatores como a diminuição dos custos, com a melhora nos pastos, que ocasionaram a redução da ração na dieta bovina. “A deflação da carne bovina não foi reflexo do embargo temporário das exportações à China, pois a medida ocorreu no final de fevereiro. Porém, caso o embargo se estenda além do período estipulado pelo Ministério da Agricultura, é possível que produto registre quedas mais expressivas de preço”, calcula Felipe.
A subcategoria Leite apresentou a maior alta do mês (3,87%), seguida dos Cereais (2,39%), com o milho registrando o maior crescimento (2,39%). Apesar do aumento do leite, o preço dos derivados manteve relativa estabilidade em fevereiro, com variação de 0,02%. Se a alta do leite se mantiver nos próximos meses, a tendência é que o aumento seja repassado aos seus derivados.
Industrializados
Os produtos industrializados também apresentaram inflação em fevereiro de 0,1%. As maiores altas foram de itens como enlatados e as conservas, que variaram 0,9%. As subcategorias de biscoitos e salgadinhos, massas, farinhas e féculas, condimentos e sopas, apresentaram a mesma taxa de crescimento nos preços: 0,78%. Por outro lado, produtos como óleo (-1,37%), cafés, achocolatados em pó e chá (-1,02%) e derivados de carne (-0,1%) registraram deflação.
In natura
O grupo registrou deflação em fevereiro de 0,67%, impactado pelo recuo do preço dos tubérculos (-11,5%) e dos legumes (-3,92%). Todos os itens que compõem a categoria de tubérculos apresentaram recuo de preço, como a batata (-16,8%), a cebola (-12,7%) e o alho (-1,26%).
Por outro lado, a alta no preço das frutas (2,4%) e das verduras (11,25%) impediu que a categoria apresentasse queda mais substancial no período. Entre as frutas, o limão foi o que deflacionou, 6,9%, e no ano já acumula queda de 37,1%. Em 2022, o limão apresentou alta substancial e a queda de preço no início deste ano indica reajustamento do item. O maracujá e a banana também registraram quedas significativas em fevereiro: 6,5% e 2,3%, respectivamente.
Em 2022, o grupo FLV apresentou alta considerável, pressionando todo o indicador IPS. O subgrupo segue trajetória diferente neste bimestre, com deflação de 2,1%. As maiores quedas em janeiro e fevereiro foram dos tubérculos (-17,3%) e das frutas (-0,6%). As verduras seguem em alta, com variação acumulada de 14,2% no primeiro bimestre.
Bebidas
As bebidas não alcoólicas registraram alta em fevereiro de 0,99%, impulsionadas pelo aumento de 1,2% no preço dos refrigerantes. Os refrigerantes seguem tendência de alta desde 2021 e o item acumula inflação de 15,7% nos últimos 12 meses.
Os sucos de fruta têm podem ser uma alternativa de consumo, uma vez que apresentaram deflação de 0,5% em fevereiro. No acumulado em 12 meses, registram taxa de crescimento nos preços de 6,1%, contra 13,6% da subcategoria. O preço das bebidas alcoólicas avançou 0,83% em fevereiro, ante a alta de 1,6% do mês anterior. Em comparação com o mesmo mês de 2022, quando a subcategoria computou alta de 1,54%, os preços de fevereiro de 2023 apresentaram desaceleração. As cervejas são o item de maior peso dentro da subcategoria, com alta de 1,1% no mês do carnaval.
Limpeza, higiene e beleza
Os produtos limpeza, higiene e beleza avançaram em fevereiro (1,76%), impulsionados pela alta de 3,94% do sabão em pó, item de maior peso dentro da categoria. Os artigos de higiene e beleza ficaram relativamente estáveis no mês, com variação de 0,08%. O papel higiênico e as fraudas descartáveis registraram redução de 0,57% e 1,06%, respectivamente, e o preço dos sabonetes aumentou em 0,4%.
Nota Metodológica: O Índice de Preços dos Supermercados tem como objetivo acompanhar as variações relativas de preços praticados no setor supermercadista ao longo do tempo. O Índice de Preços dos Supermercados é composto por 225 itens pesquisados mensalmente em 6 categorias: i) Semielaborados (Carnes Bovinas, Carnes Suínas, Aves, Pescados, Leite, Cereais); ii) Industrializados (Derivados do Leite, Derivados da Carne, Panificados, Café, Achocolatado em Pó e Chás, Adoçantes, Doces, Biscoitos e Salgadinhos, Óleos, Massas, Farinha e Féculas, Condimentos e Sopa, Enlatados e Conservas, Alimentos prontos,); iii) Produto In Natura (Frutas, Legumes, Tubérculos, Ovos, Verduras); iv) Bebidas (Bebidas Alcoólicas, Bebidas Não Alcoólicas); v) Artigos de Limpeza; vi) Artigos de Higiene e Beleza. Assim, o IPS se apresenta como instrumento útil aos empresários do setor na tomada de decisões com relação a preços e custos dos mais diversos produtos. No que diz respeito à indústria, de maneira análoga, possibilita a tomada de decisão com relação a preços e custos dos produtos destinados aos supermercados. Ao mercado e aos consumidores é útil para a análise da variação de preços ao longo do tempo possibilitando o acompanhamento da evolução dos custos ao consumidor do setor supermercadista.