O convênio firmado pela APAS e pelo governo do Estado de São Paulo no último dia 9 de maio para a erradicação das sacolas plásticas nos supermercados paulistas foi escolhido pelo jornal “O Estado de S.Paulo” como tema do editorial “A ecobag no lugar das sacolinhas”, publicado no dia 11 de maio.
Reconhecido como um dos maiores jornais do País, “O Estado de S.Paulo” apoiou a parceria assinada pelo presidente da APAS, João Galassi, e pelo governador Geraldo Alckmin para ampliar para todas as cidades do estado campanhas de conscientização que já deram certo em municípios como Jundiaí, onde a população se acostumou a levar às compras sacolas e carrinhos de feira, caixas de papelão e bolsas de pano.
De acordo com o documento firmado na abertura do 27º Congresso de Gestão e Feira Internacional de Negócios em Supermercados – APAS 2011, a medida será implantada em etapas. No próximo dia 5 de junho será iniciada a campanha de conscientização com os supermercadistas e, em 22 de setembro, ela será ampliada para os consumidores.
“Na sequência, em 12 de novembro, Dia Nacional do Supermercado, esperamos estar com tudo pronto e com as sacolas retornáveis disponíveis nas lojas. Já no dia 1º de janeiro de 2012 sentiremos a mudança nos hábitos do consumidor e, a partir de 25 de janeiro, dia do aniversário de São Paulo, deixaremos de depositar 2,4 bilhões de sacolas plásticas por mês no meio ambiente”, afirma Galassi.
Confira o editorial “A ecobag no lugar das sacolinhas”:
A antiga sacola de feira de lona ou tecido, o carrinho de supermercado e as caixas de papelão voltarão a enfeitar as compras dos paulistas nos supermercados. O governo de São Paulo, seguindo a tendência mundial de combate aos resíduos plásticos no meio ambiente, acaba de assinar com a Associação Paulista de Supermercados (APAS) protocolo de cooperação para banir, até 2012, o uso das sacolas plásticas descartáveis em todas as cidades do Estado. A entidade acredita na adesão total ao projeto que já está em prática em muitas cidades como Belo Horizonte, Jundiaí, Monte Mor e outras. Após a assinatura do acordo, os supermercados terão seis meses de campanha para estimular e difundir, entre seus consumidores, o hábito de uso de outro tipo de embalagem.
Um instrumento de convencimento já foi pensado. Se o consumidor for às compras levando sacola de feira ou ecobags – feitas de material renovável e reutilizável -, carrinho de feira ou caixas de papelão, o custo do transporte das compras, logicamente, será zero para o supermercado. Mas se preferir a sacolinha descartável do supermercado será convencido a pagar alguns centavos pelo uso dessa embalagem ecologicamente correta. Os representantes dos supermercados asseguram que os estabelecimentos não terão margem de lucro – o valor cobrado do consumidor pela sacola biodegradável ou retornável será o mesmo cobrado pelo fabricante. Os supermercados também venderão caixas de papelão novas para montagem.
No ano passado, Jundiaí foi a primeira cidade paulista a banir o uso das sacolas plásticas, com adesão de 95% dos supermercados. Lá, a embalagem biodegradável, feita de amido de milho, custa R$ 0,19 e a maioria da população preferiu, assim, voltar a usar as sacolas retornáveis e carrinhos de feira. Conforme dados do município, 75% da população apoia a iniciativa, um índice significativo considerando que as sacolinhas plásticas já estavam incorporadas ao dia a dia dos consumidores, e eram utilizadas para outros fins, como na substituição dos sacos de lixo.
A sacolinha plástica teve seu uso mais difundido no Brasil, a partir da década de 80. O produto é feito da resina derivada do petróleo chamada polietileno de baixa densidade e sua degradação no ambiente pode levar, no mínimo, um século. Estima-se que, no Brasil, aproximadamente 10% de todo o lixo produzido é composto por saquinhos plásticos. Nas grandes cidades, junto com as garrafas PET, esse tipo de produto se tornou uma das grandes causas de enchentes. Indevidamente deixadas nas ruas, as sacolas plásticas são levadas pelas enxurradas e entopem bueiros e bocas de lobo, provocando o refluxo das águas. Em São Paulo, em dias de grandes chuvas, cursos de água em toda a cidade se transformam em rios de plástico, cobertos de garrafas PET.
No País, são produzidas 210 mil toneladas anuais de plástico filme usadas como matéria-prima de 18 bilhões de sacolas, produto que exige alto consumo de energia para sua fabricação num processo que deixa muitos resíduos industriais.
Contribuindo para a difusão de novos hábitos de consumo, a indústria já desenvolveu a sacola biodegradável, produzida com matéria-prima renovável. O novo produto se desfaz em 180 dias em usina de compostagem e, no máximo, em dois anos quando depositado em aterro. Aqueles acostumados a usar as sacolinhas como sacos de lixo serão levados a substituí-las por sacos produzidos de plástico reciclável.
A iniciativa do governo estadual e da APAS trará resultados ainda mais significativos se for acompanhada por outras ações desenvolvidas para reduzir a quantidade de resíduos sólidos. A ampliação da coleta seletiva e da reciclagem nas cidades é fundamental para reduzir a quantidade de lixo nos aterros, lixões e depósitos improvisados. A regulamentação e a fiscalização rigorosa do descarte de entulho também precisa ser implementada para ajudar a livrar a cidade do assoreamento dos córregos e rios e das consequentes enchentes. A educação ambiental e a conscientização sobre melhores hábitos de consumo podem completar esse processo, já desencadeado por alguns setores mais responsáveis. (O Estado de S. Paulo – 11 de maio de 2011)

Da esq. para a dir.: O secretário estadual do Meio Ambiente, Bruno Covas; o governador Geraldo Alckmin; o presidente da APAS, João Galassi; o deputado estadual e vice-presidente e diretor de Comunicação da APAS, Orlando Morando; e o presidente do Conselho Deliberativo e diretor de Sustentabilidade da APAS, João Sanzovo, participam da assinatura do convênio (Foto: Caetano Rivas/APAS)
