A inflação nos supermercados paulistas apresentou alívio em junho de 2025, segundo o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela APAS em parceria com a Fipe. O índice registrou deflação de 0,30% no mês, revertendo a alta de 0,57% observada em maio. No acumulado do ano, os preços ainda sobem 3,18%, e em 12 meses, 5,98%.



O principal destaque do mês foi a expressiva queda nos preços dos produtos in natura, que registraram deflação de 6,03%, influenciada por melhores condições climáticas e aumento da oferta agrícola. Frutas (-5,56%), legumes (-5,99%), tubérculos (-6,82%), ovos (-6,84%) e verduras (-5,44%) tiveram redução generalizada, com destaque para banana (-14,39%), cenoura (-17,62%) e batata (-11,07%).
Entre os semielaborados, os preços das carnes também caíram. A carne bovina apresentou retração de 0,80%, puxada por cortes como acém (-3,58%) e picanha (-3,01%), refletindo maior oferta e melhora nas pastagens. Já as carnes suínas (-0,89%) e de frango (-1,97%) seguiram a mesma tendência.
Por outro lado, itens industrializados continuam pressionando a inflação. O grupo registrou alta de 0,89% no mês, acumulando 10,59% de aumento em 12 meses. O principal destaque foi o café em pó, com alta de 3,47% em junho e impressionantes 86,53% em 12 meses, influenciado pela escassez global e pela valorização cambial.
Produtos de higiene e beleza (0,83%), bebidas não alcoólicas (0,49%) e artigos de limpeza (1,73%) também apresentaram altas. Neste último grupo, sabão em barra (3,16%) e amaciante (2,23%) lideraram as variações.



Juros altos e desafios da política monetária
Apesar da queda pontual da inflação no setor, o cenário macroeconômico continua desafiador. A taxa básica de juros (Selic) foi elevada para 15% ao ano pelo Banco Central na tentativa de controlar a inflação, principalmente a de alimentos, que responde de forma intensa a choques climáticos e sazonais.
“Diante dessa conjuntura, a nossa preocupação é a manutenção da taxa de juros nesse patamar. O Brasil tem uma das maiores taxas reais de juros do mundo. A manutenção da taxa Selic em 15% nessa conjuntura irá prejudicar os investimentos, o consumo das famílias; aumentará o custo do crédito e afetará diretamente o nível de atividade econômica do país”, comentou nosso economista-chefe, Felipe Queiroz.
Neste contexto, a APAS defende a modernização do regime de metas de inflação, com foco no núcleo inflacionário, que exclui itens voláteis como alimentos e combustíveis. Essa mudança tornaria a política monetária mais eficaz e menos dependente de elevações da Selic, alinhando o Brasil às melhores práticas internacionais.
