A decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil em manter a taxa SELIC em 14,25% ao ano compromete o desempenho da atividade econômica em 2016. Na visão da APAS, a manutenção dos juros já era esperada e a grande surpresa seria se essa taxa fosse alterada.
“O governo não tem muitas alternativas e fica evidente que a decisão sinaliza que ele está inerte ao cenário econômico atual e, pior, não consegue articular uma política econômica que tire o país desta queda acentuada da atividade econômica”, afirma o gerente de Economia e Pesquisa da Associação, Rodrigo Mariano.
Segundo ele, o Banco Central do Brasil, em certa medida, tem se beneficiado pela má condução da política econômica dos últimos anos. “O quadro recessivo necessário para a redução da inflação virá do remédio amargo, que é a queda da atividade econômica brasileira, que se reflete em um cenário de redução de emprego e renda e, consequentemente, dos preços”.
Ainda segundo Rodrigo, o Banco Central está em um impasse e não sabe como conduzir a política monetária. “Se os juros subissem haveria a justificativa de que a inflação em 12 meses não cede, mesmo diante de diversas altas dos juros. Se reduzissem, a justificativa poderia ser que o cenário econômico tem redução da atividade econômica acima do esperado. Já a manutenção dos juros indica uma preocupação em não errar na condução da política monetária neste momento, o que gera uma falta de ação momentânea por parte da política monetária”.
Para 2016, a expectativa é de ligeira redução da taxa básica de juros a partir do segundo semestre, encerrando o ano em uma taxa de 13,5% ao ano, o que ainda é elevado, diante da necessidade de impulsionar a atividade econômica em busca da retomada do crescimento.
Vale ressaltar que o impacto da elevação da taxa possui em efeito que se propaga na economia e que, de maneira defasada, atinge a economia em até 6 meses. “Estamos falando de um impacto da manutenção dos juros em patamares elevados que afetará a economia ao longo dos próximos meses”.
Destaque na Folha de S.Paulo
O posicionamento da APAS, assim como de outras entidades, foi destaque na edição desta quinta-feira, 03, da publicação. A página “Mercado” destacou que todas as entidades foram unânimes ao defender a importância da redução da taxa para a retomada do crescimento.