O nosso economista, Rodrigo Mariano, avalia que a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil em manter os juros básicos da economia, a taxa SELIC, compromete o desempenho da economia em 2016 e evidencia o descompasso da política econômica do governo. Por um lado, tenta reduzir os riscos de uma inflação mais elevada esse ano e, ao mesmo tempo, busca realizar um ajuste fiscal para sanar as contas mantendo os juros altos, o que onera ainda mais a dívida pública brasileira.
“O governo se sente tentado em elevar os juros, mas este não é o momento, pois a atividade econômica já mostra sinais de fraqueza persistentes, o que deve permanecer ao longo de 2016. Atrelado a isso, o cenário de inflação persistente vem corroendo o poder de compra das famílias, justificando a ação imediata do governo na redução dos gastos públicos para pressionar menos os preços na economia”, comentou Rodrigo Mariano.
Ainda de acordo com Rodrigo, quando o governo necessita de ajuste fiscal, logo pensa em aumentar impostos, enquanto deveria pensar em reduzir gastos. Do mesmo modo, quando há necessidade de reduzir inflação, a primeira medida adotada é aumentar os juros. “A decisão por não aumentar a taxa de juros é entendida como positiva, já que torna o crédito mais caro, inibindo o investimento produtivo. E o investimento produtivo é essencial para a retomada do crescimento sem riscos de alta da inflação no médio prazo”, explica.
Desta forma, Mariano entende que a justificativa para a manutenção dos juros é a necessidade de controlar o processo inflacionário, mas destaca que, mesmo diante do patamar da Selic atual, a inflação continuou afetando o poder de compra da população, impactando diretamente no consumo das famílias. Isso se refletiu em desaceleração no desempenho das vendas no varejo, incluindo o setor supermercadista, que registrou um dos piores desempenhos dos últimos sete anos.