Depois de enfrentar um ciclo recessivo, o ramo de supermercados desponta como o primeiro a avançar nas vendas, ainda que timidamente, na comparação interanual. No primeiro semestre, o ganho das redes subiu 0,07%, o que levou o setor a reverter a perspectiva de queda na casa de 1,8% no faturamento para o ano, para avanço de 0,4%%
Com exceção das farmácias, que não chegaram a apresentar encolhimento dos ganhos durante a recessão, as vendas nos supermercados foram as primeiras a registrar um crescimento real – já descontada a inflação. Os números foram passados ontem (26) pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e, para o presidente do conselho consultivo da entidade, Sussumu Honda, a mudança pode estimular novos investimentos das redes, que pisaram no freio nos aportes durante a recessão, mas não chegaram a parar de investir.
“As redes podem ter diminuído seus investimentos em alguns segmentos, mas o varejo alimentar possui vários modelos de operação. Apesar de não estar no mesmo nível de anos anteriores à crise, o processo de expansão continua acontecendo, e como o segundo semestre costuma indicar números melhores [que o primeiro], os investimentos podem voltar a crescer”, diz.
Para se tornar efetivo, porém, a aceleração dos investimentos das redes terá de contar com a melhora de uma série de indicadores. Entre eles, a queda da inflação e do dólar. “O dólar é um componente muito relevante na conta dos supermercados. No início do ano, estávamos trabalhando com valores muito acima dos razoáveis. Com a inclinação de novas quedas, a tendência é de que haja estabilidade nas vendas e, por consequência, melhora da confiança dos empresários”, comenta.
Aportes
Questionado se a mudança na previsão da Abras poderia impactar os negócios da rede Zaffari, o presidente da companhia, Claudio Luiz Zaffari, afirmou que as decisões sobre os aportes vão depender de cada operação em particular.
“Alguns tipos de investimentos são feitos com pensamento no médio e longo prazo. Depende de uma série de análises. Os nossos aportes são feitos sempre de forma orgânica, sem querer acelerar processos e de forma que traduzam qualidade para o consumidor final”, conta Zaffari.
Neste ano, a rede – que possui forte atuação no Rio Grande do Sul, onde surgiu – pretende investir até R$ 150 milhões em novas lojas e reformas de unidades mais antigas. A companhia inaugurou a sua mais recente loja no bairro do Morumbi, em São Paulo. Ao todo, de acordo com Zaffari, foram R$ 35 milhões em aportes para o local.
“É uma loja de 4,6 mil m², com tecnologia de ponta, seleção minuciosa de produtos e um trabalho bastante focado em transformar o momento da compra do consumidor em um evento eficiente”, explica.
A previsão inicial é de que a nova unidade paulista seja responsável por um faturamento médio entre R$ 12 milhões a R$ 13 milhões por mês.
Segundo Zaffari, a unidade – a 34ª da rede supermercadista e a segunda na capital paulista, onde a empresa chegou em 2008 – ajudará a companhia a buscar um crescimento real de 7% nas vendas deste ano, sobre um ano antes. Entre janeiro e junho, o presidente da companhia relatou um avanço de 6,5%, em números nominais, nas vendas, frente ao período entre janeiro a junho de 2015, o que o que é um bom presságio para entrar no segundo semestre.
Outra rede que segue investindo forte é a Savegnago. Recentemente, a varejista inaugurou três lojas no interior de São Paulo, que a fez totalizar 36 unidades em operação.
Os aportes foram estimados em R$ 20 milhões por loja. No ano passado, a companhia atingiu um faturamento superior a R$ 2,1 bilhões.
Retorno às origens
Quem também tem aberto operações para ganhar mercado é a supermercadista Mambo, que inaugurou na última semana uma unidade no bairro de Moema, na zona sul da capital paulista.
De acordo com o CEO da MGB- grupo controlador das bandeiras Petit, Giga Atacado e Mambo – André Francez Nassar, a nova loja representa um marco histórico para a empresa, já que foi no mesmo bairro que ela estreou no mercado.
“Quase três décadas depois da inauguração dos supermercados Mambo, em Moema, estamos muito felizes em retornar ao bairro”, comemora.
Os aportes do grupo não devem parar por aí. Até o final deste ano, Nassar prevê a inauguração de novas lojas de outras bandeiras da holding.
“Até dezembro devemos inaugurar novas unidades com as bandeiras Giga e Petit, mas estamos sempre em busca de boas oportunidades”, declarou o CEO ao DCI.
Fonte: DCI